As águas verdes dos mares de Natal.
Lá de longe, lá onde as águas verdes dos mares de Natal se encontram com as “paredes” azuis do céu, vão chegando, ligeiros, os grandes cúmulos empurrados pelos fortes ventos alísios. E fico imaginando as figuras que essas nuvens muito brancas vão desenhando no céu. Ora são figuras de gigantes fumando seus enormes cachimbos; ali, são monstros marinhos, piratas, aventureiros; agora são elefantes com suas trombas enormes; mais ali, parecem enormes blocos de gelo, nuvens desgarradas, figuras que nada representam, junto de outras que representam tudo para mim; milagres da minha “vã filosofia”.
Menino ainda, na minha doce e morena Belém do Pará, eu ficava horas esquecidas olhando os céus do quintal de minha casa, imaginado coisas. Sonhando coisas. Sonhando... sonhando... e sonhando; todos nós somos feitos de sonhos!
São tantos os sonhos e devaneios quando somos crianças. Naqueles velhos tempos, naqueles idos de 1950, eu ficava olhando o voo dos “Catalinas” da FAB lá no alto, lá no céu, beijando as nuvens, em vôos de treinamento de estóis, monomotor simulado, velocidade reduzida, arremetidas no ar e tantas outras manobras necessárias para tornar os pilotos aptos para o perigoso voo sobre o “Inferno Verde”, outro nome da majestosa floresta amazônica. Em frente de casa ficava a reta final para pouso no aeroporto internacional de “Val-de-Cans”. Os aviões da época eram os Douglas DC-3; os gordos Curtiss C-46; Constelations, das antigas companhias de aviação:- - Cruzeiro do Sul, Lóide Aéreo, NAB, VARIG, PANAIR. Vez em quando chegavam aviões da PANAM, vindo dos Estados Unidos, para pousos técnicos em Belém. Chegavam de tardezinha vindos do Rio, São Paulo, Manaus, Santarém, Miami. Passavam tão baixos, com seus trens e flaps baixados, quase roçando as linhas enceradas dos nossos papagaios. Já naqueles tempos os meus sonhos se resumiam em ser piloto daqueles “enormes” aviões! Não deu outra! Com 16 anos ingressei na EPC do Ar, em Barbacena, “a cidade das rosas e do melhor clima do Brasil”, de onde “decolei” para grandes e saudosas missões nos aviões da nossa querida Força Aérea Brasileira!
Coronel Maciel.