COMO COMEÇAR A ESCREVER UM CONTO?

Escreva... Escreva e escreva...

Comece com impacto, um acidente, um sequestro, uma carta...

Como disse anteriormente, o impacto é que vai desenvolver todo o resto da história, fazendo com que a trama gire em torno de um fato causador.

Construa o arquétipo de cada personagem, lembre-se de que uma das características do conto é a quantidade de personagens.

Separe os personagens principais, trabalhe no que eles farão para atingir seus objetivos e depois quem atravessará seu caminho, dificultando que seus ideais se realizem. Você não precisará narrar muitos detalhes da história. Comece do nada. Dou como exemplo este trecho do meu conto.

******** E se você tivesse outra chance? *********

Era um dia de domingo ensolarado, como outro qualquer, não para Aílton que caminhava até a banca de jornal da esquina para comprar um exemplar do jornal que detestava só para adquirir o último selo para completar a coleção de caricaturas da seleção, quando avistou o corpo no meio fio da calçada, para sua surpresa era seu vizinho... Curiosos chegavam de todos os lados para ver o defunto e faziam comentários maldosos daqueles que a maioria das pessoas fazem a respeito de quem não conhece.

Não demorou muito e o rabecão chegou.

No dia seguinte Aílton encontra em sua caixa de correio quatro cartas endereçadas ao número vizinho, do falecido... Que por engano, ou por obra do destino foram depositadas lá. Pensou em devolver ao correio e avisar que o remetente havia falecido, mas não o fez. Não compreendia a razão de o falecido endereçar uma carta para si mesmo?

Isso sem dúvidas, despertou em Aílton um alto grau de curiosidade, que a esta altura soube que o vizinho tinha nome como um outro qualquer.

Pedro, o falecido, era de poucas palavras ou nenhuma. De estatura mediana, barrigudo, sempre estava com a barba por fazer. Costumava cumprimentar a todos balançando a cabeça com a expressão sisuda, um sinal de que o cumprimento não tinha chance de virar diálogo. Mantinha a frente da casa organizada, com a grama sempre aparada, sem folhas secas espalhadas, não recebia visitas, quase não saía de casa e não participava das festas comemorativas do bairro.

Com o passar do tempo a pequena vizinhança já havia esboçado o perfil do forasteiro, que só poderia ser algum foragido da justiça ou ex-presidiário. Imaginação de habitantes de cidade pequena é coisa que corre solta e sem a menor cerimônia. Um saco de lixo, pode virar um saco com restos mortais.

Durante meses Aílton guardou as cartas em uma caixa de sapatos esperando que alguém da família aparecesse para entregá-las, mas Pedro parecia não ter amigos ou parentes.

Um ano depois, no dia em que o finado completava o aniversário lúgubre, de posse de um pouco mais de quarenta cartas dos mais diversos tipos de envelopes, grandes, pequenos, pardos, brancos, coloridos... Aílton decide ler as misteriosas cartas, que não paravam de chegar...

Só assim ele passa a conhecer Pedro, o vizinho que durante um ano considerou carrancudo e nem sequer sabia como se chamava.

Aílton só não imaginava que ao iniciar a leitura estaria adentrando em um universo sem volta e que sua vida mudaria bruscamente...

***

Observe que logo nas primeiras linhas da história deixo nítido que todo o enredo passará a girar em torno do vizinho assassinado, ele é o protagonista da trama.

Se você ainda não tem uma ideia para ser desenvolvida tudo bem.

Mas escreva qualquer coisa e logo, logo surgirá “aquela” ideia. Funciona comigo!

Depois desenvolva o resto da história sem afobação.

Já passei por esta fase de querer concluir logo uma história, rs. E como passei!

O segredo de uma história bem elaborada é a calma com que ela é escrita, então, muita calma nesta hora.

Costumo fazer fichas para cada personagem e em alguns casos monto um painel em uma cartolina, o que me ajuda na hora do terrível “branco”.

Neste cartaz colo fotos de pessoas que lembrem as características de cada personagem, descrevo biótipo, personalidade e o papel que desempenhará ao longo da trama e monto cidades fictícias também!

É importante deixar sua criatividade à vontade! Confesso que esta é para mim a melhor parte do meu trabalho, o coração do vício! rs

Isto facilita e muito, experimente!

Depois se desejar pode criar um lugar fictício ou narrar a história num lugar real. Caso seja real, faça pesquisas sobre o local, para não cometer nenhuma gafe.

Acho legal quando o contista dá ao leitor a possibilidade de visualizar o lugar e de imaginar aromas.

Mas é importante ter cuidado com a narrativa, para que o conto não desenvolva características de romance ou novela. Nada de exageros!

Feito isto, comece então a provocar o leitor.

Aguce sua curiosidade e dê-lhe altas doses de “recompensa” e satisfação pela leitura.

Faça uma leitura minuciosa da sua história. Acrescente, tire... Garimpe!

Eu simplesmente amo a revisão da revisão, pois tira excessos e acrescenta o novo.

Não tenha medo de fazer alguns cortes, é preciso!

Agora, mãos a obra, nem preciso lhe desejar sorte!

Alessandra Benete
Enviado por Alessandra Benete em 27/05/2014
Reeditado em 01/06/2014
Código do texto: T4822200
Classificação de conteúdo: seguro
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