O ARCO REFLEXO

Antes do nascimento dos versos embrionários da chamada poesia social, a solitária transeunte que andeja nos caminhos da criação literária é a tal de consciência refletida: o arco reflexo do pensado, idealizado, dito ou feito. Ainda que muitas vezes especialmente em Poética, o interlocutor que se manifesta pela palavra lírica não seja o ego, e sim, a sua sombra, o alter ego. Este é um incômodo e percuciente hóspede, que por vezes nos habita e até faz morada, regurgitando o seu escarro emocional como fora um sopro inconsciente nascido do ventre do mistério. Especialmente aquele muco fétido adquirido pelo clamor da falta de liberdade e/ou pela convivência diária nos dolorosos subterrâneos da opressão proveniente das injustiças sociais.

– Do livro inédito OFICINA DO VERSO: O Exercício do Sentir Poético, vol. 02; 2014/19.

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