A NECESSIDADE PRÁTICA DO LEITOR
Luciana Carrero
"Gosto da ideia! mas não tive tempo de ler! Só vislumbrei rápido". Este é o problema hodierno. Os textos precisam ser mais curtos, menos prolixos. As pessoas têm milhares de coisas para fazer, compromissos inadiáveis. Mesmo eu, os tenho. Opto pelos textos concisos, por isso gosto do soneto, que disciplina e condensa. Meus contos são curtos, não passam de 10 páginas. Para ler textos longos, tem de ser burguês, diletante. E são poucos que podem se dar a esse luxo. Prefiro atingir o público que vibra no corre-corre dos dias de labuta. Por força do ofício literário, sou obrigada a me manter informada. E leio o que é preciso, mas isto é profissão. Como produtora Cultural, tenho de estar sempre a par de tudo, na literatura. Li o livro de Alice Munro, Prêmio Nobel de Literatura, "Fugitiva", quase 400 páginas. Gostei, vibrei e recomendo. Mas lamento que só quem mais lê são pessoas aposentadas, com a vida ganha. Então a mensagem excelente desta autora só chega aos diletantes, a quem busca o lazer na literatura. Quem busca as coisas imediatas e a literatura, digamos assim "funcional" e prática, a procura pelos livros de auto-ajuda, biografias de pessoas bem sucedidas, que lidam com exemplos para a vida. É sempre máxima a crítica dos leitores para com os escritores. E velada. Não tendo o hábito de ler textos de romances prolixos ou contos que parecem romances, as pessoas não leem e, com isso sinalizam aos escritores e editores o que precisam ler. Textos rápidos. Concisos. Pragmáticos. (Luciana Carrero, Produtora Cultural reg. 3523/LIC/SEC/RS