Augusto dos Anjos e a sua angústia.
Eu e Outras Poesias é um livro triste como seu autor. O poeta paraibano cantou a sua tristeza, cantou a sua desgraça, como um ser humano derrotado. Em cada soneto do Eu e Outras Poesias está retratada a angústia horripilante do poeta do Pau-D’arco, que teve uma vida carregada de sofrimento.
O remorso do amor proibido, pela ditadora do lar a senhora dona Córdula dos Anjos contra a mulata Maria que gostava do poeta causou tremenda revolta na alma do vate paraibano.
O monstro de escuridão e relutância nascido sobre os buritizais da Paraíba tinha uma visão imensa desta vida enganosa.
Enquanto Olavo Bilac com seu grupo de boêmios perambulava pela Rua do Ouvidor, o bardo paraibano estava debaixo do tamarindo do velho Pau-D’arco a ler os grandes filósofos, para compor os seus sonetos bizarros.
O aêdo do Pau-D’arco não teve tempo para a boemia, porque cumpria a ordem severa de Alexandre Rodrigues dos Anjos.
Com treze anos escreveu Psicologia de um Vencido como se já estivesse aos oitenta anos de idade ou mesmo um velho macambúzio.
Eu e Outras Poesias traz a verdade pura com relação a tragédia da vida humana, que tanto tem enganado aos incautos iludidos com tolices de toda natureza.
Nas páginas do Eu e Outras Poesias nós vamos encontrar todo o sofrimento humano, ou todo o tipo de desgraça.
Eu e Outras Poesias é um livro chocante para quem gosta da mentira ou para quem adora viver mascarado.
O menestrel da Paraíba fez arte verdadeira sem precisar de entender estrelas, como: O Sr. Olavo Bilac.
O poeta paraibano entendeu o mistério da vida e cantou com toda a ironia do seu estro.
Olavo Bilac disse: Fez bem morrer, não perdeu-se grande coisa, já penso diferente, o poeta Augusto dos Anjos não morreu, continua vivo na alma do seu leitor autêntico e fiel ao seu credo.
O vate da Paraíba não morrerá tão cedo porque fez arte pura.
Segundo Massaud Moisés, o poeta paraibano é único em nossa literatura e até mesmo na literatura universal.
Somente Olavo Bilac, entendedor de estrelas, não entendeu a ótica poética de Augusto dos Anjos.
Aos vinte e nove anos o poeta paraibano morreu em Leopoldina, Minas Gerais, deixando apenas um livro: Eu e Outras Poesias, que tem causado grandes polêmicas pelos meios literários deste Brasil de baraço e cutelo.
A minha ama de Leite Guilhermina reflete as magoas do poeta da morte. Neste soneto o vate paraibano fala das moedas roubadas pela sua ama de leite e também o roubo que ele fazia do leite da sua irmã colaça.
O segrel da Paraíba foi um homem sincero e realista ao extremo. Eu e Outras Poesias não podia agradar a plêiade de poetas do Rio de Janeiro, tão cheia de tolices e veleidade.
A poesia do Eu é a própria vida do autor. O trovador do Pau-D’arco fez arte inconfundível, como Machado de Assis, Lima Barreto e tantos outros talentos do mesmo quilate.
O poeta da morte não quis seguir o caminho de Bilac, nem Raimundo Correia, nem Antônio Alberto de Oliveira, e muito menos Guimarães Passos. O poeta Pau-D’arquense fez poesias para o futuro.
O seu livro Eu e Outras Poesias entrou, para o Modernismo, como os Sertões de Euclídes da Cunha, como o Policarpo Quaresma e também o Canaã de Graça Aranha.
Os sonetos de Augusto dos Anjos não morrerão nunca, porque são sublimes na forma e no conteúdo.
O bardo paraibano foi mestre no soneto, criando muitas vezes a própria rima.
Augusto dos Anjos fez verso e poesia ao mesmo tempo.
No soneto À Arvore da Serra, de maneira truncada o poeta canta a dor da perca da sua bem amada. Maria ou Amélia foi o seu primeiro amor e veio causar grande transtorno no cérebro sensível do poeta.
Segundo De Castro e Silva foi esse o grande problema na vida atormentada do poeta da morte.
O monstro de escuridão e rutilância, continua sendo lido por gregos e troianos.