PÓS-MODERNISMO E RESISTÊNCIA - II
SEQUÊNCIA - Pela «Renascença XXI»
A partir da evidência do estado actual da expressão escrita poética e tendo em conta o estado caótico referente aos modelos artísticos, da literatura em geral, o que nós propomos referenciar – anunciando um novo horizonte literário – é a promoção da conciliação das formas estéticas consagradas pela tradição com todas aquelas que hoje se revelam como as mais usuais.
Isto é, a nossa ideia de «esteticismo literário», procurando harmonizar os modelos clássicos com as características emergentes ao longo destas últimas décadas, visa a criação de uma literatura poética conjugada.
Segundo a nossa perspectiva constituiremos uma espécie de viagem harmónica e aleatória, na qual procuraremos corporizar uma sequência de imagens de estilo e de sentido promocional, num jogo prazenteiro de perspicácia e num ideário polimórfico de pontos de vista sustentados.
Surgirão, desta maneira, num jeito harmonioso conceptual, as mais variadas figurações de estilo, a saber, sons, imagens, cores e metáforas, nas quais a musicalidade, o ritmo e a sensibilidade emocional patentearão o seu discurso evolutivo.
Estaremos, deste modo, perante um esteticismo criacionista análogo à própria expressão da Natureza que, pelas circunstâncias inatas de si mesmo, nos projecta um sentido universal igualmente polimórfico, aleatório, mas sempre harmonioso.
Todas as coisas, no seio do universo, se conciliam harmonicamente na sua variedade. Diremos, mais, que até as representações deformadas conjunturais da natureza são-no devido à insuficiência do olhar e do sentir humanos.
Dentro do universo literário, na atitude dos escritores e poetas – de que nos honramos de fazer parte – deverá prevalecer a preocupação de uma expressão poética diferenciada e harmonizada, evidenciando aquela identidade conciliadora que valoriza, em última análise, qualquer representação artística.
Esboçámos, desta maneira, a perspectiva que temos acerca do sentido poético da Literatura.
Resulta desta concepção, como já referimos, o privilegiarmos a harmonização das formas genuinamente clássicas com as formas caracterizantes da actualidade.
Neste contexto, realçaremos como essenciais as duas visões da arte que mais nos preocupam: a imaginação, como a perspectivação de um olhar para fora de nós, e a emoção, como a consciência de um “vir de dentro”. Está nesta dinâmica, quanto a nós, o caminho para o renascer da Nova Poesia.
Frassino Machado
In PARA ALÉM DA POESIA
In LIRA BEM TEMPERADA