CORONÁRIAS DO SENTIR

Para quem faz da palavra mais do que simplesmente o seu ferramental de comunicação, o surgimento de uma nova obra é evento altamente auspicioso e que merece todas as saudações. O poeta, o intelectual, o ativista das palavras, tem o desafio de lidar com ideias, por isto trabalha com metáforas, com o centro desafiador da ação humana. Desencadeia e sugere a possibilidade de achar soluções no coração do leitor. Trabalha-se com o mistério.

Como apresentador, sinto-me um instigador a que se pense a partir da proposta. Quase nunca sobre coisa prática, porque esta sempre é o resultado da ação consequente de uma ideação. É na ideia em que assesto a minha seta. Consciente de meu importante – e ao mesmo tempo humilde papel – trafego no olho da agulha que costura o vestido de festa da palavra.

Divido a humanidade entre os que são e os que têm. Aqueles que são mudam os destinos do mundo. Quixotescos lanceiros contra pás-de-moinhos como fossem dragões, tal como construiu para a vida, há mais de trezentos anos, o cavaleiro Miguel de Cervantes, em seu “Dom Quixote”. Aos que têm não interessam mudanças porque perdem privilégios. Que os tempos andejos e os seus cavaleiros andantes produzam homens e mulheres mais felizes de amores, família e nação.

A leitura não é um portal para o dia seguinte, porém é sementeira. O livro é sempre um grande companheiro de estrada. E pode conter, em suas páginas, o ouro, a prata e o petróleo. E nos ensinar o que fazer com estes valiosos produtos para o bem da humanidade. Como escolher dirigentes lúcidos e operosos se não a partir do conhecimento e da informação sobre suas propostas traduzidas em projetos? Quem não se acostumou com a leitura e a pesquisa desde muito cedo terá como discernir e agir no sentido do projeto compartilhado para o coletivo? O Brasil necessita de visionários. Salve os passageiros de nosso tempo. Estamos abrindo portas ao Futuro!

Venhamos aos livros. O mundo não mudará enquanto ideias não criarem pernas para andar por seus próprios sapatos. Uma obra de poesia coletiva é um começo de trajetória. Colhamos os frutos nas bancas, nos balaios de ocasião nas Feiras do Livro, desçamos os neurônios das prateleiras do conformismo e procuremos agir responsavelmente. As ruas, historicamente, sempre deram respostas drásticas...

Num país de Educação destroçada, há muito a ser feito em conjunto com o vetor Cultura. Por isto mesmo, os ativistas culturais são tipos humanos muito especiais. Congeminemos a educação e a cultura em todos os nossos atos enquanto agentes lúcidos e reprodutivos. Produziremos, no mínimo, uma criatura humana mais feliz. Porque este é o destino último do homem enquanto criatura de Deus: ser feliz!

Nesta obra está recolhido o pensamento poético de alguns fogos figurativos da região noroeste do portentoso Estado de São Paulo – o trem motriz de nosso grande país. Os sonhadores do novo, da arte fraterna e amorosa, convidaram alguns amigos para o mutirão da colheita da Palavra, que vieram de vários locais para ajudar a adoçar laranjas, figos, uvas, a cana-de-açúcar, os hortifrutigranjeiros, num esforço entre a cidade e o campo, produzindo o álcool combustível usinado para irrigar as coronárias brasileiras dos produtos que ajudarão a tornar a vida nas grandes cidades mais suportável. Porque a Poesia tem este condão.

Esta obra é o resultado do congraçamento que o associativismo cultural e literário proporciona, como alavanca intelectual para as outras atividades da comunidade: uma colmeia produzindo delicioso mel. Assim bem registra o histórico da CPEJ: “No objetivo de manter a Casa do Poeta e do Escritor de Jales em atividade, estão os idealizadores do passado e os ativistas do presente, com participações de grande importância e todos empenhados no sucesso desse projeto cultural.”.

Daqui do sul do Brasil seguem o reconhecimento e o intenso desejo de vida longa à entidade literária criada em 1998, por Cavalheiro Verardo Neto, Romeu Cisterna e um pugilo de idealistas, que desde 20 de outubro de 2011 adquiriu personalidade jurídica formal como Associação Casa do Poeta e do Escritor de Jales – ACEPJ.

Nesta colmeia espiritual é justo e urgente saudar a abelha-obreira Marilene Pacheco Teubner, organizadora desta Coletânea. Aqui está o resultado do trabalho dos que pensam e agem para o futuro. Ganhamos todos nós, especialmente os leitores.

Saudemos Monteiro Lobato: “Um grande país se faz com homens e livros”. Que todos tenham um ótimo proveito!

Porto Alegre, 20 de outubro de 2013 – Dia Internacional da Poesia.

Joaquim Moncks,

Coordenador Nacional da Casa do Poeta Brasileiro – POEBRAS Nacional.

– Apresentação da 1ª Coletânea da Casa do Poeta e do Escritor de Jales/ São Paulo .

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/4534521