NA COZINHA DA MARIA FARINHA
No dia 18/10/203, visitei a Escola Municipal Presidente Arthur da Costa e Silva, em Parnamirim/RN. Tive como anfitriã a sua diretora, professora Alcione e toda a sua equipe de professoras e professores. Houve apoio da Secretaria Municipal de Educação, na pessoa da professora Angélica Vitalino e do professor Geraldo, além de ter contado com a presença do poeta performático Francisco Martins.
A escola estava toda enfeitada com trabalhos de alunos e alunas com releituras de A COZINHA DA MARIA FARINHA e de O MUNDO EM MINHAS MÃOS, os meus dois livros que estão sendo trabalhados ali.
Algumas das receitas da Maria Farinha foram preparadas e ficaram deliciosas, como foi o caso do “bolinho de chuva” e do “amendoim caramelado”. Almocei também na escola, uma comida deliciosa, com direito a sobremesa especialmente preparada para a ocasião.
Posso dizer que o prato principal foi o carinho de todos, acompanhado pelo degustar da declamação dos poemas pelas crianças.
Houve uma encenação muito bonita do texto de apresentação do livro, com direito a se vivenciar o clima de uma preparação de alimentos com panelas de barro, colher de pau, temperos e tudo o que se tem direito.
Um aluno me representou criança ao lado de uma mulher na cozinha, no papel da minha mãe a preparar os alimentos. Uma cena muito bonita de se ver, sublinhada por uma bela narração. Viajei no tempo e me vi criança ajudando minha mãe a temperar o delicioso feijão refogado no alho. Havia um cheiro de infância no ar. Muita emoção.
Tudo isso significa que podemos “viajar na leitura”, criar asas e ver como a vida pode ser temperada pela leitura dos livros e ter um sabor de aventura, de viagem no tempo.
Sentir, principalmente, a emoção que uma simples personagem, uma Maria Farinha, pode despertar em todos, adultos ou crianças, num jogo de faz de conta que imita a realidade e ao mesmo tempo a recria de maneira a lhe emprestar múltiplas significações.
Do mesmo jeito que cozinhamos comida, também retemperamos as lembranças e degustamos toda a alegria de fazer da leitura o nosso prato principal.
Declamei poemas e respondi a perguntas das crianças que queriam saber, principalmente, de onde vem a inspiração, quais foram meus primeiros escritos e tantas outras coisas que eles querem descobrir sobre a vida de um escritor.
É sempre motivo de muita alegria poder me sentir cúmplice desses meninos que começam a ensaiar, através da leitura, seus primeiros escritos. E usam a poesia como ferramenta de expressão para suas releituras. Pois tudo começa pela leitura.
Leitura e escrita, costumo dizer, são como as duas asas de um pássaro que nos faz alçar voos para mundos que podem parecer impossíveis, mas que são plausíveis de ser recriados. A fantasia e a imaginação do homem não têm limites.
Somos antenas captadoras de uma força maior que nos inspira e que nos faz co-criadores, instrumentos do Pai Criador, para reinventar um mundo melhor de se viver, um Planeta mais digno e mais justo, com mais beleza e alegria.
E a poesia pode ser a linguagem que nos ajuda nesse processo de transformação, de dentro para fora. Poesia é sempre uma emoção que nos renova e que nos aproxima um pouco mais do divino que nos habita por dentro.
E foi esse o tema da tarde: o que você faria se tivesse o mundo em suas mãos? Muitos poemas foram produzidos nesse sentido.
Lembro-me que um aluno escreveu um poema dizendo que se tivesse o mundo em suas mãos, a escola teria mais VALOR e seria tratada com mais amor. É a força da poesia propondo a reinvenção dos espaços de ensino-aprendizagem através da magia de sua linguagem.
Claro que teve muita sessão de autógrafos e de fotos. Uma outra escola, a Augusto Severo daquele município, trouxe alguns alunos adolescentes para nos ajudar nessa festa da leitura e da escrita.
São momentos singelos que ficam na nossa lembrança a nos dizer que a leitura e a escrita, que a poesia e que, principalmente, os livros são nossos companheiros, são nossos amigos e conselheiros de todos os instantes.
Mais que isso, os livros podem nos fazer sentir como se estivéssemos morando dentro deles, como foi um dos sonhos de Monteiro Lobato, o pai da nossa literatura infantil.
Hoje, morei dentro de um livro. Habitei vários universos. Fui muitas personagens. Principalmente me vi criança na face e no olhar de cada uma das crianças que ali estavam. Eu era criança como eles, também fascinado pelo grande mistério que é fazer das palavras o “fiat” criador de novos mundos.
De coração, obrigado a todos os que puderam estar comigo hoje, me ajudando, com os olhos de vocês, a ampliar a minha capacidade de enxergar um mundo com horizontes mais largos, temperado com o sabor da esperança de que podemos ser maiores do que somos, ora mais humanos, quem sabe mais divinos e mais próximos da luz.
Viva a leitura! Viva a escrita!!!
A criança que existe em mim saúda a poesia que habita em você.