Reificações em A hora da Estrela de Clarice Lispector.
A segunda metade do século XX foi caracterizada pelo grande avanço na indústria cultural. Diante disso, propomos, por meio deste trabalho, identificar os processos que determinaram e intensificaram a visão de reificação e utopias de massa na obra de Clarice Lispector A hora da estrela, na visão de Frederic Jameson.
1. INTRODUÇÃO
No final do século XX, a sociedade foi abalada por uma combinação de crises e transformações sociais oriundas do pós- guerra. Diante dessas grandes transformações pretendemos discutir a Reificação do Sujeito (a morte da individualidade), a luta entre a “alta cultura” e a “cultura de massa” e a reorganização sociocultural, promovida pela indústria cultural. Nesse sentido, analisaremos como ocorreram essas mudanças, por meio da obra A hora da estrela, Clarice Lispector, cuja relação de trabalho virou arma de barganha ou coisificada pela Indústria Cultural para alcançar seu principal objetivo.
Iniciaremos pela atribuição de sentido dada ao termo Reificação, de que na economia capitalista o trabalho humano torna-se simples atribuição de uma coisa:
O mistério da forma de mercadoria consiste simplesmente no fato de que essa forma devolve aos homens, como espelho, as características sociais de seu próprio trabalho, transformadas em características objetivas dos produtos desse trabalho, em propriedades sociais naturais das coisas produzidas, portanto espelha também a relação social da coisa que tem existência fora dos próprios produtos. Por meio desse quid pro quo os produtos do trabalho tornam-se mercadorias, coisas sensivelmente supra-sensíveis, isto e, sociais. (DICIONARIO DE FILOSIFIA, 2007, p.990).
Diante disso, Jameson nos chama a atenção para esse fenômeno que adentra em nossa cultura tratando a teoria da reificação da seguinte maneira:O modo pelo qual, sob o capitalismo, as formas tradicionais mais antigas da atividade humana são instrumentalmente reorganizados ou "taulorizadas", analiticamente fragmentadas e reconstruídas segundo vários modelos racionais de eficiência, e essencialmente reestruturadas com base em uma diferenciação entre meios e fins. (JAMESON,1995.p10)
Para o autor esses modelos estavam sendo ditados por um novo segmento: o da Indústria cultural, cujo objetivo principal era transformar o cidadão em consumidor. É notório que diante de tantas transformações sofridas pela sociedade após a segunda guerra mundial e o grande avanço que a tecnologia representou nesse processo também fossem absorvidas pela sociedade. Assim, nesse caminho de transformações e rupturas se fez necessário uma nova ordem na organização e estrutura dela.
Dentre os muitos problemas que emanam do desenvolvimento histórico da sociabilidade humana, o individuo passa a ter a condição de sujeito coisificado na sociedade capitalista: os dilemas vividos pelos indivíduos no seu esforço de se afirmarem como sujeito em suas relações sociais tem como núcleo a universalização da forma mercadológica por todas as esferas da organização social, na qual a subjetividade humana é modelada pela Indústria cultural.
Assim, na visão jamesoniana a produção cultural na lógica do capitalismo tardio foi absorvida pela produção de mercadorias, na qual toda e qualquer produção cultural pode ser mercantilizada, seja ela denominada “alta cultura” ou “cultura de massa”. Desse modo, “alta cultura” e “cultura de massa” transformam-se em gêmeas e inseparáveis da produção cultural que consistem num agenciamento coletivo por meio do qual os indivíduos são levados a uma realidade massificante e reificada. Dessa forma, para Jameson(1995,p. 9-34) os produtos da cultura de massa não podem se constituir apenas como ideológicos, sem constituírem também, direta ou indiretamente como utópicos e transcendentes.
Agora que foram demonstrado alguns conceitos importantes para o desenrolar desta dialética abordaremos alguns fenômenos que ocasionaram esta massificação e reificacão. Para tanto, faz-se necessário perceber que nesta nova sociedade emergente é interessante para a indústria cultural desprover o sujeito que qualquer referência de individualidade.
O sujeito, que é distinguido pela capacidade volitiva e de capacidade criadora, perde o controle sobre si mesmo e sobre os produtos de sua atividade. Desta feita os homens são depreciados de sua condição de sujeito a condição de simples objeto. Não se percebem nem se reconhecem como forma social em que estão inseridos. Eles ignoram os vínculos que estabelecem entre si que configuram o conjunto de sua vida social e as relações produtivas que mantém entre si. Assim, é por meio do trabalho que o homem se homitiza (torna-se homem) e humaniza a natureza e dos carecimentos humanos .
Com a alienação do trabalho- produto da Indústria Cultural- há uma ruptura radical na práxis sócio-humana. Se é por meio do trabalho que o homem se põe como sujeito perante os outros com o trabalho coisificado o homem é degradado a condição de objeto.
Ainda para Jameson(2006,p. 19-88) "este antigo sujeito individual burguês não existe mais”, pois esse tipo de individualismo e essa identidade pessoal são coisas do passado: que o velho sujeito individual e individualista está “morto". O autor vai longe ao afirmar que a cultura buscou persuadir as pessoas de que elas "tinham" subjetividades individuais e "possuíam" certa identidade pessoal singular.
Para contar a história desse sujeito morto e reificado, da luta entre o intelectual e a massa, e como esta reorganização sóciocultural promovida pela Indústria cultural, Lispector usa como obra prima a figura do narrador Rodrigo S.M. (representante de uma alta cultura) para contar a história de Macabéa (protagonista da cultura de massa) vividas e experienciadas na época.
O livro começa abordando as características de um narrador do sexo masculino, o qual foi criado para discutir o preconceito existente na época, sobre literaturas de autoria feminina. No caso, ao criar um narrador homem, Rodrigo S.M, Lispector estabelece esse debate, quando utiliza a voz do narrado para dizer que "escritora mulher pode lacrimejar piegas" (AHE,p 23). Já percebemos pela autora que determinados assuntos só devem ser tratados por homens,ou seja, determinadas coisas só poderiam ser concebidas ou tratadas por uma Indústria altamente experiente que nos podasse o exercício de seres pensantes. Lispector não estaria se autodenominando produto dispensável diante do fato dela como escritora mulher fosse deposta de seu habitat natural que é a escrita e dá voz a um homem que é facilmente ouvido. Não estaria ela adentrando e denunciando este processo de reificação dando voz a um narrador em detrimento de um mercado consumidor?
Nas entrelinhas do discurso abordado pela autora está o preconceito contra a mulher, mas também, contra o pobre e sua presença na literatura. Claro que Lispector denuncia a forma como o narrador perde sua identidade em detrimento de sua obra Macabéa, mas não estaria a autora denunciando a perda de sua própria identidade legando a um narrador palavras que poderiam ser muito bem ditas pela pessoa que ela representava no meio literário?
Esse dilema também é vivenciado pelo narrador, que precisa abster-se de si próprio para compor a personagem Macabéa. Rodrigo se autodenomina intelectual falando sobre uma mulher do povo. Desse modo, percebe-se a luta existente entre a alta cultura e a cultura de massa, processo bastante vivido na sociedade da época.
Portanto, percebemos dois extremos dentro do discurso de liscpectot :o narrador que se apega à tradição da alta cultura, convoca-a como elemento de identificação, mas deve conviver com a cultura de massa, de cujo mundo brota a personagem. Isso não seria tão relevante se de fato a alta cultura e a cultura de massa estivessem nitidamente separadas, e o narrador pudesse demarcar os seus espaços. Mas as fronteiras foram invadidas. O narrador também vive a orbita da cultura de massa, respira o seu ar sufocante.
A cultura de massa não é apenas um assunto externo a sua narrativa; a atividade de narrar é contaminada por ela, explica o professor Hermenegildo Jose Bastos da Universidade de Brasília. Na obra de Lispector, essa dualidade ocorre quando a autora retrata a forma como Rodrigo se transforma em massa: “não faz a barba, durante dias e adquiri olheiras escuras por dormir pouco, só cochila de pura exaustão, sou um trabalhador manual. Alem de vestir-me com roupa velha rasgada. Tudo isso pra me por no nível da nordestina”(AHE,p 28)
Não seria essa a forma como a alta cultura apesar de ser o lócus de uma produção estética “autônoma” genuinamente crítica e subversiva ser absorvido pela cultura de massa? Assim como o narrador precisa ser assimilado pela protagonista a fim de que ela “aparece”. Tudo isso para colocar-se no nível da nordestina. Mais adiante o narrador relata que sua ação na história terá como resultado à sua transfiguração em outrem e sua materialização enfim em objeto (AHE, p 29). Objeto esse que foi reificado por esse segmento novo, que a cultura de massa se apropria.
Outra forma de se perceber essa morte do sujeito e sua reificação vem por meio da própria protagonista Macabéa. Ela é uma alagoana que se muda para o Rio de Janeiro após a morte da sua tia beata - única referencia de vida que possui- a qual lhe dera um curso de datilografia, pois não queria que a sobrinha virasse mulher da vida. Macabéa também recebe o status de “coisa”, pois precisa abrir mão de suas origens. No trabalho ocupava o oficio de cerzir e como diz o narrador “antes ela ficasse em Alagoas como cerzideira”, do que se embrenhar para o Rio, onde, como datilógrafa, alimentara a utopia de ganhar a dignidade. “Ela se realizaria muito mais se se desse ao delicado labor de restaurar fios” (AHE, p 34).
Aqui, Jameson relata o modo como essa nova forma no qual o capitalismo se apodera das atividades interioranas como cerzideira perde o seu espaço no mundo rural, pois as grandes empresas devoram seu mercado fazendo com que a atividade de Macabéa seja substituída pela datilografia. Para Jameson:
todas as formas de trabalho podem ser separadas de sua diferenciação qualitativa única, enquanto tipos de atividades distintas e universalmente niveladas sob o denominador comum do quantitativo, isto é, sob o valor de troca universal da moeda. Nesse ponto, então, a qualidade de varias formas de atividade humana, seus “fins” e valores únicos e distintos, foi efetivamente isolada ou suspensa pelo sistema de mercado, deixando todas essas atividades passíveis de serem implacavelmente reorganizadas em termos de eficiência, como meros meios ou instrumentalidades”(JAMESON,1995)
Os trabalhos artesanais são substituídos pela técnica. Clarice denuncia na voz do narrador Rodrigo S.M. ,que Macabéa ou a “massa” não se dava conta que vivia numa sociedade técnica na qual ela era um parafuso dispensável (AHE, p 37), portanto para compor essa nova sociedade ela precisa ter uma nova função da época, datilógrafa.
Macabéa ainda enfrenta os obstáculos que esta profissão lhe impõe. Como subproduto de uma massa semianalfabeta ela sofre as dores da escrita: “ela deve copiar a escrita alheia, chocando-se contra o limite da palavra, contra o indizível, o inexprimível” como explica o professor Bastos. Para tanto, o narrador dialoga: “Embora ao que parece, não aprovasse na língua duas consoantes juntas e copiava a letra linda e redonda do amado chefe a palavra “designar” de modo como em língua falada diria: “desiguinar” (AHE, p 24). Macabéa demonstra certa resistência a padronização da escrita, pois reflete sobre a composição da língua falada e escrita. Mesmo com a ausência da educação formal devido ter concluído o terceiro ano primário Macabéa questiona o sistema ortográfico vigente na Língua Portuguesa. Essa resistência não seria uma forma de demonstrar que a personagem tenta não ser mecanizada pela nova reestruturação vigente? Nesse processo de reificação da personagem deve-se considerar um agravante diante de muitos, quando se refere à indústria cultural e seu processo de reificação. Macabéa também alimenta o sonho Hollywoodiano de ser artista de cinema, em especial Marylin Monroe, que foi uma das mais famosas estrelas de cinema de todos os tempos, um símbolo de sensualidade e um ícone de popularidade no século XX.
Seu nome representa ainda hoje mais que uma estrela de cinema e rainha do glamour, sendo para muitos um ícone, sinônimo de beleza e sensualidade não obstante disso também alimenta a vontade reprimida de ser Greta Garbo uma atriz sueca que com seu talento e aura de mistério, tornou-se uma das mulheres mais fascinantes de sua geração, talvez porque "Greta é como a Mona Lisa - uma das grandes coisas da vida. E tão distante quanto”.
Contudo, esses sonhos, como diz o narrador, era de tanta interioridade, que eram vazios porque lhes faltava o núcleo essencial de uma previa experiência de êxtase; "sua vida era uma longa meditação sobre o nada” (AHE p. 44). E a criação de uma pessoa inteira que na certa esta tão viva quanto o próprio narrador se tornaria algo improvável com o desenrolar do texto. Assim como improvável, a real compra da imagem projetada por Hollywood de uma interiorana se tornar magnânima como Marylin e Greta. A sociedade do espetáculo é marcada pela dimensão das imagens, num mundo que vende sonhos de consumo. Jameson(1995,p.9-34) defende que estamos vivendo num mundo cada vez mais dominado pelas forças do consumismo, preferindo a imagem à coisa, a representação à realidade a própria realidade é estetizada. A estética passou a ser mais uma mercadoria para o consumo. Macabéa adere à ilusão fortemente vendida por Hollywood na pessoa de Marylin e Greta, a sua própria identidade passa a ter o foco de que se deseja ser (Marylin) e não do que realmente é (Macabéa). Ela é imagem não-vendável sendo substituída por uma mercadoria estética mais apropriada aos interesses de consumo. Bastos ainda relata que A hora da estrela muda o foco de visão estética e política trazendo à cena, como problema central a indústria cultural e o espetáculo. Macabéa é imagem: “É que numa rua do Rio de Janeiro peguei no ar de relance o sentimento de perdição no rosto de uma moça nordestina (AHE, p 22) . É o momento em que a indústria cultural vem substituir a individualidade do sujeito por aquele sujeito coletivo misturado a grande massa de consumidores.
Outro personagem que também exerce um papel importante dentro da trama de Lispector é o namorado da protagonista. Olímpio de Jesus Moreira Chaves aparece desde o começo com intenções duvidosas aproveitando-se da moça visto que até o nome é falso, pois, “o padrasto lhe ensinara o modo fino de tratar pessoas para se aproveitar delas e lhe: ensina como pegar mulher” (AHE p.50) Olimpio de Jesus trabalha de operário numa metalúrgica. O rapaz e ela se olharam por entre a chuva e se reconheceram como dois nordestinos, bichos da mesma espécie que se farejam. Ao conhecê-la mentiu porque tinha como sobrenome apenas o de Jesus, sobrenome dos que não têm pai. No Nordeste tinha juntado salários e salários para arrancar um canino perfeito e trocá-lo por um dente de ouro faiscante. Este dente lhe dava posição na vida. Aliás, matar tinha feito dele um homem com letra maiúscula. Olímpio não tinha vergonha, era o que se chamava no Nordeste de cabra safado. Mas não sabia que era artista: nas horas de folga esculpia figuras de santos e eram tão bonitas que ele não as vendia. Vinha do sertão da Paraíba, nascera crestado e duro que nem galho seco da árvore ou pedra ao sol. Ter matado e roubado faziam com que ele não fosse um simples acontecido qualquer, davam-lhe uma categoria, faziam dele um homem com honra já lavada, seu destino era o de subir para um dia entrar no mundo dos outros. Ele tinha fome de ser o outro. Alimentava o sonho de ser deputado. Esta nova reorganização e reificação estão tão fixadas na mente dos personagens que até Olímpio tem seu critério “ditado” pela indústria cultural a qual transforma seu relacionamento uma “coisa” completamente negociável. Macabéa é a mercadoria que não vende. Glória sim faz parte do processo. Loura oxigenada (como Marylin) carioca da gema e filha de um açougueiro é o trampolim que precisa para alcançar seu objetivo ser político. Macabéa é facilmente trocada por não se adaptar ao que é disseminado pela indústria
Aqui se percebe a imagem de Marylin sensual, loira, moderna, sendo absorvida por Gloria e não por Macabéa e mais uma vez a vida humana sendo reificação de forma que o consumo se beneficie dela. Essa é a imagem Hollywoodiana vendida a qual a mulher tem seu valor por meio de um padrão estético previamente definido para essa massa popular,já nos disse Jameson "A materialização desses ou daquele setor, ou zona, dessa forma vem a constituir um fim e uma satisfação de consumo em torno do qual o resto é então degradado a condição de mero meio”. Na visão de Olímpio Macabéa não se torna o meio pelo qual se cresce na vida ,ela é uma “coisa” que pode ser substituída quando bem aprouver.
Diante do exposto, se faz necessário ressaltar a impossibilidade de Macabéa se olhar no espelho e ver um ser, uma pessoa com todas as suas formas intrínsecas. A atividade de olhar uma paisagem é assim confortavelmente substituída pelo ato de tomar posse dele e converte-la numa forma de propriedade pessoal. Jameson relata, contudo o fato de Macabéa olhar os anúncios e mesmo assim não torná-la intrinsecamente de posse daquilo que se anuncia. Assim como ao olhar no espelho quando foi despedida não deu a ela nenhum indício de luta para conquistar o que é dela. Somente quando acordava é que dizia o que era “sou datilografa e virgem, e gosto de coca-cola” (AHE, p51) sem qualquer apelo a anúncio. Macabéa não caia nas redes da imagem não sendo uma candidata ao mundo do consumo.Jameson ainda afirma que a última forma de reificação na sociedade de consumo contemporâneo é precisamente a própria imagem. Somente quando vai á cartomante ela consegue visualizar a imagem de si própria e seu futuro: pois a imagem de um estrangeiro chamado Hans com um automóvel (Mercedes) da moda é uma imagem que outras pessoas devem ter dela.Consumida pela “coisa” idéia de “ser” alguém ,por meio deste futuro Macabéa sucumbe e morre. É notória a forma como este sujeito morre em detrimento daquilo que a indústria cultural dita. Macabéa foi uma personagem inserida numa sociedade onde as grandes redes de TV- em especial a Globo- surgiram com programação em âmbito nacional, estimuladas pela criação da uma cultura de massa num mundo em que tudo, inclusive a força de trabalho, se tornou mercadoria Percebemos então que tanto Lispector, como o narrador, como Macabéa, e Olimpio são formas de reificação ou “coisificação” apontados por Jameson vivenciados por esta sociedade no qual os sujeitos se sujeitam a indústria Cultural compondo um grande espetáculo com direito a gran finale apontados nesta obra extraordinária que é A hora da Estrela.
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante disso se faz necessário analisar se o sujeito constitui-se nas interações es-tabelecidas com o meio, apropriando-se dos bens culturais e das experiências vivencia-das pela humanidade por meio dessas interações. Sua constituição só pode ser entendi-da pelas transformações ocorridas na sociedade, pois se a sociedade se transforma o sujeito também é transformado, sendo permanentemente constituído nas relações estabelecidas ao longo de sua existência. O homem não é produto apenas do biológico e tão somente do meio, mas da relação que se desenvolve entre ambos, cabendo-lhe o papel ativo de interferir, criar e transformar o meio em que vive. O sujeito é permanentemente constituído, reconstruído, alterado e modificado, o que envolve necessariamente a atividade e a consciência.
Portanto nesse momento histórico, quando relacionamos A hora da estrela per-cebemos que este sujeito se coisifica e fica alijado de sua subjetividade e de sua condição de ser e passa a assumir o status de mercadoria, como a sociedade perde sua identidade, cumprindo às avessas seus objetivos mais nobres ligados à emancipação do homem. A industria cultural torna-se instrumento fundamental na dominação ideológica do sujeito, constituindo-se em palco de intensa disputa, pela função que ela realmente exerce no tipo de sociedade que vem se configurando, bem como pelas funções que os homens pensam que ela exerce ou poderia exercer.
REFERÊNCIAS
ABBAGNAANO, Nicola - Dicionário de filosofia - 1ª edição- 2007
JAMESON, Frederic 1995-As Marcas do visível - Reificação e utopia na cultura de massas, p 09-34.
JAMESON, Frederic. 2006-A virada cultural reflexões sobre o pós-modernismo,p19-88
BASTOS Hermenegildo Jose, O custo e o preço do desleixo-trabalho e produção n ̀A hora da estrela.
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. RJ: Rocco, 1995, 23ª. Edição.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Marilyn_Monroe. Disponível no dia 29 de março de 2011.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Greta_garbo,Disponivel no dia 18 de fevereiro de 2011.