AULA DE ROMANTISMO NO BRASIL PARA O 2º EJA DA ESCOLA VERIDIANA
Esta aula foi preparada para a consulta dos alunos do segundo EJA da Escola Veridiana Camacho.
Romantismo no Brasil teve como marco fundador a publicação do livro de poemas "Suspiros poéticos e saudades", de Domingos José Gonçalves de Magalhães, em 1836, e durou 45 anos. Nos primórdios dessa fase literária, 1833, um grupo de jovens estudantes brasileiros em Paris, sob a orientação de Gonçalves Magalhães e de Manuel de Araújo Porto Alegre, inicia um processo de renovação das letras, influenciados por Almeida Garret e pela leitura dos românticos franceses. Em 1836, ainda em Paris o mesmo grupo de brasileiros funda a Revista Brasiliense de Ciências, Letras e Artes, cujos dois primeiros números traziam como epígrafe: "Tudo pelo Brasil e para o Brasil". Ainda no mesmo ano, no Brasil - momento histórico em que ocorre o Romantismo, 14 anos após a sua Independência - esse movimento é visível pela valorização do nacionalismo e da liberdade, sentimentos que se ajustavam ao espírito de um país que acabava de se tornar uma nação rompendo com o domínio colonial.
A primeira geração do Romantismo destaca-se na tentativa de diferenciar o movimento das origens europeias e adaptá-lo, de maneira nacionalista, à natureza exótica e ao passado histórico brasileiros. Os primeiros românticos eram utópicos.1 Para criar uma nova identidade nacional, buscavam suas bases no nativismo do período literário anterior, no elogio à terra e ao homem primitivo. Inspirados em Montaigne e Rousseau idealizavam os índios como bons selvagens, cujos valores heroicos tomavam como modelo da formação do povo brasileiro.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Existem três fundamentos do estilo romântico: o egocentrismo, o nacionalismo e liberdade de expressão. O Romantismo, foi um abalo artístico, político e filosófico que apareceu nas derradeiras décadas do século XVIII na Europa que persistiu por boa parte do século XIX, diferenciando-se como uma visão de mundo adversa ao racionalismo e ao iluminismo que procurou um nacionalismo que viria a materializar os estados pátrios na Europa.
O egocentrismo: também chamado de subjetivismo, ou individualismo.. O artista volta-se para dentro de si mesmo, onde o eu é a prevalência principal da poesia.
O nacionalismo: corresponde à valorização das particularidades locais. Opõe ao registro de ambiente árcade, cujo foco era a mesmice e centra-se nos lugares, é o destaque da chamada "cor local", ou seja, os aspectos particulares de cada região envolvendo os componentes geográficos ,históricos e cultirais.
A liberdade de expressão: é um dos pontos mais importantes da escola romântica. "Nem regra , nem modelos "pretendendo explorar as dimensões variadas de seu próprio "eu", o artista se recusa a adaptar a expressão de suas emoções a um conjunto de regras pré-estabelecido..
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CARACTERÍSTICAS
• Subjetivismo - A pessoalidade do autor está em destaque. A poesia e a prosa romântica apresentam uma visão particular da sociedade, de seus costumes e da vida como um todo.
• Sentimentalismo - Os sentimentos dos personagens entram em foco. O autor passa a usar a literatura como forma de explorar sentimentos comuns à sociedade, como: o amor, a cólera, a paixão etc. O sentimentalismo geralmente implica na exploração da temática amorosa e nos dramas de amor.
• Nacionalismo, ufanismo - Surge a necessidade de criar uma cultura genuinamente brasileira. Como uma forma de publicidade do Brasil, os autores brasileiros procuravam expressar uma opinião, um gosto, uma cultura e um jeito autênticos, livres de traços europeus.
• Maior liberdade formal - As produções literárias estavam livres para assumir a forma que quisessem, ou seja, entrava em evidência a expressão em detrimento da estrutura formal (versificação, rima etc).
• Vocabulário mais brasileiro - Como um meio de criar uma cultura brasileira original os artistas buscavam inspiração nas raízes pré-coloniais utilizando-se de vocábulos indígenas e regionalismos brasileiros para criar uma língua que tivesse a cara do Brasil.
• Religiosidade - A produção literária romântica, utiliza-se não só da fé católica como um meio de mostrar recato e austeridade, mas utiliza-se também da espiritualidade, expressando uma presença divina no ambiente natural.
• Mal do Século - Essa geração, também conhecida como Byroniana e Ultrarromantismo, recebeu a denominação de mal do século pela sua característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e a escuridão.
• Evasão - O artista romântico (do ultrarromantismo) interpretava o mundo como cruel e frequentemente buscava a fuga da sociedade que não o aceitava.
• Indianismo - O autor romântico utilizava-se da figura do índio como inspiração para seu trabalho, depositando em sua imagem a confiança num símbolo de patriotismo e brasilidade, adotando o indígena como a figura do herói nacional (bom selvagem).
• A idealização da realidade - A análise dos fatos, das aparências, dos costumes etc era muito superficial e pessoal, por isso era idealizada, imaginada, assim o sonho e o desejo invadiam o mundo real criando uma descrição romântica e mascarada dos fatos.
• Escapismo - Os artistas românticos procuravam fugir da opressão capitalista gerada pela revolução burguesa (revolução industrial). Apesar de criticarem a burguesia, os artistas tinham que ser sutis pois os burgueses eram os mecenas de sua literatura e por isso procuravam escapar da realidade através da idealização.
As formas de escape seriam as seguinte: Fuga no tempo, Fuga no sonho e na imaginação, Fuga na loucura , Fuga no espaço e Fuga na morte.
• O culto à natureza - Com a busca de um passado indígena e de uma cultura naturalmente brasileira surge o culto ao natural, aos elementos da natureza, tão cultuados pelos índios. Passava-se a observar o ambiente natural como algo divino e puro.
A idealização da Mulher (figura feminina)- a mulher era a fonte de toda a inspiração. Era intocável, vista como um anjo em que jamais poderiam desfrutar de suas caracteristicas puras e angelicais
ROMANTISMO NO BRASIL , 1836 – 1881
1 – CONTEXTO HISTÓRICO CULTURAL
Abrange o período final das Regências, a consolidação no Gabinete da Conciliação, e as crises antecipadoras do regime republicano: A Guerra do Paraguai e as campanhas abolicionista e republicana.
A emancipação política (1822) não alterou o poder agrário , sustentado pelo latifúndio, trabalho escravo e mercado externo.
A inteligência local, formada pelos filhos das famílias abastadas do campo, ou de comerciantes e profissionais liberais, saia dos bancos das escolas jurídicas de São Paulo, Recife e Rio. Apenas Teixeira e Souza, Manuel Antônio de Almeida e Laurindo Rabelo saíram das camadas humildes.
A intelectualidade brasileira procurou absorver e adaptar à condição brasileira as principais vertentes do Romantismo europeu.
2 – CARACTERÍSITCAS LITERÁRIAS
Primeiro grupo
-Fase de formação – Resíduos neoclássicos.
Niterói , revista brasileira e mística, nacionalismo lusofobia, poesia lírica, início da ficção e do teatro.
Segundo Grupo
Indianismo, nacionalismo – Idealização do índio( bom selvagem, cavaleiro medieval) como símbolo da nacionalidade .
Consolidação da poesia e do romance.
Influência de Chateaubriand ( Atala) Walter Scott ( Ivanhoé) Fenimore Cooper ( O último dos Moicanos) Balzac, Eugene Sue.
Terceiro Grupo
Individualismo, mal do século – Subjetivismo intenso, dúvida, morbidez, tédio, escapismo , boêmia, negativismo, satanismo, saudosismo( infância, família) sensualismo reprimido ( amor e medo), confessionalismo –Incoroporação de novos temas – O humor, os temas bucólicos e roceiros a poesia maldita. Influência de Byron, Alfred Musset, Lamartine, Leopardi.
Desdobramento da aprosa – Romance indianista, sertanista, regionalista, urbano, histórico e o romance de costumes de Manuel Antônio de Almeida.
Quarto Grupo
Romantismo social, condoreirismo – Poesia engajada nas causas liberais e sociais( Guerra do Paraguai ) , abolição , República)- Tom enfático , declamatório(metáforas ousadas), apóstrofes violentas , hipérboles, antítese)
Preocupação formal, antecipações realistas e aproximações com o Parnasianismo .
Influência de Victor Hugo
Escola de Recife.
RELAÇÃO DE AUTORES,OBRAS E GÊNEROS
PRIMEIRO GRUPO
AUTORES OBRAS GÊNEROS
- Gonçalves de Magalhães
Suspiros Poéticos/Poesia lírico-religiosa
A Confederação dos Tamoios/Epopeia
Olgiato/Teatro
O Filho do Pescador/Novela folhetinesca
- Martins Pena-
O Juiz de Paz da roça/Comédia de costumes
Judas em Sábado de Aleluia/Comédia de costumes
Quem Casa quer Casa/Comédia de costumes
O Noviço/Comédia de costumes
SEGUNDO GRUPO
-Gonçalves Dias-
Primeiros Cantos-Segundos Cantos Sextilhas de Frei Antão-Últimos Cantos- Os Timbiras/ Poesia indianista,lírico,amorosa, saudosista, erudita,naturalista.
Leonor de Mendonça/Drama de assunto medieval
-Joaquim Manuel de Macedo
A Moreninha- O Moço Loiro/Romance Urbano, folhetinesco
-José de Alencar
O Guarany- Iracema- Ubirajara Romance histórico indianista
O Sertanejo -O Gaucho-Till- Romance regionalista,sertanista
O Tronco do Ipê e campesinos
A guerra dos mascates - As Minas de Prata/ Romances históricos
Diva-Lucíola-Senhora romances urbanos,perfis de mulher. .
-Bernardo Guimarães
O Ermitão de Muquém - O Semi-Romance sobre o celibato clerical.
O Garimpeiro- A Escrava Izaura-Mauricio -Romance( regionalista,sobre a escravidão e histórico)
TERCEIRO GRUPO
-Manuel Antônio Álvares de Azevedo
Lira dos Vinte Anos/Poesia lírica intimista e confessional-
Macário/Mistura de teatro, diário íntimo e narrativa.
Noite na Taverna Contos fantásticos
-Cassimiro de Abreu
As Primaveras/Poesia lírica, amorosa e saudosa.
-Fagundes Varela
Vozes da América-Cantos e Fantasias-Poesia egótica, bucólica,sertaneja,
Cantos do Ermo e da cidade- Anchieta ou O Evangelho nas Selvas/ antecipações condoreiras/indianista,elegíaca,(Canto do Calvário) egótica, bucólica,sertaneja.
-Junqueira Freire(Frei Luis de Santa escolástica) Inspirações do Claustro -Contra- Poesia egótica.Temas religiosos, mórbida ascetismo.
-Laurindo RabeloO Poeta Lagartixa)
Trovas/Trovas . Quadrinhas de inspiração semipopular
-Manuel Antonio de Almeida
Memórias de Um Sargento de Milícia Novela picaresta(?)Romance que faz crônica dos costums do Rio.
-Francisco Otaviano
Traduções e Poesias/Poesia
-Aureliano Lessa
Poesias Póstumas/Poesias
-Juvenal Galeno
Lendas e Canções Populares/Poesia
Lira Cearense/Poesia
QUARTA GERAÇÃO:
Castro Alves
Espumas Flutuanes - A Cachoeira de Paulo Afonso-Os Escravos l.
Poesia lírica, poesia naturista e poesia social
Vozes D'Africa
Navios Negreiros
Gonzaga ou a Revolução de Minas Drama histórico
Joaquim de Sousandrade
Harpas Selvagens-Guesa Errante/Poesia social.Processos compositivos
(poema americano) O inferno de Wall Street/antecipadores da modernidade
Visconde de Taunay
Inocência Romance sertanista ou regionalista
A Retirada da Laguna Relato Histórico documental,em fran cês
Franklin Távora O Cabeleira- O Matuto Romances regionalistas nordestinos.
Cartas e Cincinato/Crítica(especialamente a José de Alencar)
Luis Delfino
Algas e Musgos-Íntimas e Aspásias Poesia
Angústias do Infinito-Atlante Esmagado-Esboço da Epopeia Ameri-
cana-Rosas Negras.
Narcisa Amália Nebulosas Poesia
A Poesia Romântica
A poesia romântica pode ser dividida em:
Primeira geração - Indianista ou Nacionalista [editar]
• Influência direta da Independência do Brasil (1825)
• Nacionalismo, ufanismo
• Exaltação à natureza e à pátria
• O Índio como grande herói nacional
• Sentimentalismo
Principais poetas
• Domingos José Gonçalves de Magalhães (1811 a 1882)
• Manuel de Araújo Porto Alegre (1806 a 1879)
• Antonio Gonçalves Dias (1823 a 1864)
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Segunda geração - Ultrarromantismo ou Mal do Século
• Egocentrismo ultrarromantismo - Há uma ênfase nos traços românticos. O sentimentalismo é ainda mais exagerado.
• Byronismo - Atitude amplamente cultivada entre os poetas da segunda geração romântica e relacionada ao poeta inglês Lord Byron. Caracteriza-se por mostrar um estilo de vida e uma forma particular de ver o mundo; um estilo de vida boêmia, noturna, voltada para o vício e os prazeres da bebida, do fumo e do sexo. Sua forma de ver o mundo é egocêntrica, narcisista, pessimista, angustiada e, por vezes, satânica.
• Spleen - Termo inglês que traduz o tédio, o desencanto, a insatisfação e a melancolia diante da vida (significa, literalmente, "baço").
• Mal do Século
• Fuga da realidade, evasão - Através da morte, do sonho, da loucura, do vinho, etc.
• Satanismo - A referência ao demônio, as cerimônias demoníacas proibidas e obscuras. O inferno é visto como prolongamento das dores e das orgias da Terra.
• A noite, o mistério - Preferência por ambientes fúnebres, noturnos, misteriosos, apropriados aos rituais satânicos e à reflexão sobre a morte, depressão e solidão.
• Mulher idealizada, distante - A figura feminina é freqüentemente um sonho, um anjo, inacessível. O amor não se concretiza e em alguns momentos o poeta assume o medo de amar.
Principais poetas
• Álvares de Azevedo
• Casimiro de Abreu
• Junqueira Freire
• Fagundes Varela
Terceira geração - Condoreira [editar]
• 1888 - Abolição da Escravatura
• 1889 - Proclamação da República
• Influenciada pelos acontecimentos sociais, discursa sobre liberdade, questões sociais, o abolicionismo.
• Uso de exclamações, exageros, apóstrofes.
• Mulher presente, carnal.
• Volta-se para o futuro, progresso.
• Luta pela liberdade, temáticas sociais.
• Ainda fala sobre o amor.
• O condor simboliza a liberdade, por isso geração condoreira.
Principais poetas
• Castro Alves - "O Poeta dos Escravos"
• Sousândrade"o Poeta da transição" considerado o poeta "divisor de águas" entre o Romantismo e a nova escola o Realismo