CALÚNIA QUE MATA
Luiz Pádua
De fato, a calúnia caminha de braços dados com a mentira e pode ser considerada mentira, mas com uma boa pitada de malícia ou de veneno. Ela é provocadora e destruidora, na medida em que atinge sua vítima, como fosse uma bomba de efeito moral, chegando mesmo a atingir a todos aqueles que fazem parte de sua roda de amigos, ou parentes.
É o veneno que corrói a mente e a honra da vítima inocente. Por tabela, sua vítima pode se indispor com os parentes próximos, ou mesmo com amigos. Dependendo do grau da calúnia, esta pode provocar até assassinatos, decorrentes de uma intriga no seio de família inocente. (Por exemplo): Um indivíduo que por várias razões cortou a amizade com seu amigo, ou parente pode falar na sua roda de amigos que tal “mulher, ou tal marido está à beira da traição conjugal. E por se tratar tão somente de uma mentira caluniosa, esta pode chegar aos ouvidos da vítima que, por sua vez pode chegar a cometer atos desastrosos com o cõnjuge, ou com outra pessoa que ele achar que seja o causador da infidelidade conjugal do casal.
Tais fontes caluniosas não explicam a aberração do caluniador da qual pode resultar em sérios estragos, não só da honra, como estragos mentais provocados por esse imbecil no seio da família da vítima caluniada. Quem é o caluniador, ninguém sabe, ou se sabe não denuncia. Ele pode ser tanto um “espreitador”, como um exibicionista ou mesmo um invejoso.
Reclama-se a adoção de novas leis mais duras para castigar esse tipo de gente. Tal reação é compreensível. Não se pode entender como uma pessoa possa cometer tais atrocidades caluniosas, envolvendo pessoas inocentes, familiares, ou amigos.
Em conseqüência, tais caluniadores poderão ser considerados seres de tipo diverso, uma horrível espécie de “species intelligilis”. Nem se discute o fato deles serem uma grande ameaça e que a calúnia é uma espécie de crime covarde. O problema que se apresenta é muito mais complicado do que se afigura. A personalidade do caluniador pode ser uma doença ou uma anormalidade. A sociedade, contudo, reluta em reconhecer tal fato, assim, como o judiciário. Portanto, deve-se reconhecer que a natureza humana é uma lei natural, tanto quanto da gravidade questionada. Em conseqüência, como todo ato humano é produto da natureza humana, deve-se esperar que essas atrocidades podem continuar no futuro ofendendo inocentes e até ceifando vidas humanas.
Mas porque deve ser esperada a repetição caluniosa dos citados elementos? Simplesmente pelo fato de que o mecanismo das leis naturais que os determinam, não ser ainda suficientemente conhecido para ser controlado e dirigido. Ele permanecerá desconhecido enquanto insistirmos em que não é possível conhecê-lo.
Não é o conhecimento comum que desenvolve civilizações, organiza sociedades e resolve graves problemas sociais. Pelo contrário, é o conhecimento “incomum” juntamente com uma fé comum, um propósito comum, e um objetivo comum.
O que se pode fazer em relação aos crimes de calúnia? Previni-los? Como? Eles não são previsiveis. Haverá um meio de descobrir a tempo a característica do caluniador, antes dele ser levado à prática da calúnia? Muito difícil porque às vezes ele surge do nada e quando menos se espera.-
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