Os quatro grandes sistemas de pensamento
A partir da metade do século XIX, o homem tornou-se livre das amarras que o prendiam aos desígnios de Deus e a teoria do evolucionismo distanciou cada vez mais o homem do propósito religioso, tornando-o livre para tomar decisões desprovidas de culpas. O homem passa a ser senhor de si mesmo, determinando decisões acerca do pensamento religioso, literário, filosófico e científico.
A teoria da evolução, afirma que as espécies animais e vegetais, existentes na Terra, não são imutáveis e sofrem ao longo das gerações, uma evolução gradual que inclui a formação de novas raças e espécies, contradizendo a até então conhecida teoria da criação, onde todas as criaturas, vegetais ou animais, era criação única de Deus.
A teoria da evolução teve grande repercussão, por trazer uma idéia revolucionária, que endossava ainda mais as idéias modernistas, tendo grande influência na literatura, o que involuntariamente refletiu no advento do naturalismo literário, que tentava explicar de forma materialista ou científica os fenômenos da vida e do comportamento humano.
Sobre essa linha de grandes pensadores do século XIX, vale ressaltar também o pensamento de Nietzsche que via o homem na sua individualidade irredutível, onde ele próprio deveria soltar as suas amarras e libertar-se para o mundo, livre de preconceitos, religião ou qualquer forma de repressão. Para Nietzsche o homem só se tornaria livre através da arte, pois só a mesma poderia transformar em beleza toda a desordem social e os problemas da vida humana. Pois na sua visão o mundo não possuía forma, estrutura nem inteligência.
Para Nietzsche, o homem libertado de qualquer vínculo, tornava-se senhor de si mesmo e dos outros, estabelecendo suas próprias verdades, ficando assim, apto para se exprimir em todos os seus atos. Este não era apenas o ideal apontado por Nietzsche para o futuro, mas a realidade que ele mesmo tentava personificar. Era um crítico das ideias modernas, pois para ele ideais modernos como a democracia, o socialismo, ou igualitarismo, por exemplo, era a típica expressão de decadência humana e não contribuía para a liberdade do corpo e da alma.
Nietzsche rejeitava violentamente a idéia do sujeito racional, condicionado e limitado em favor de uma visão filosófica muito mais complexa do homem e da moral, pois essa base racional de moral, para ele era tão somente uma máscara que a razão impunha a vida humana.
Outro grande pensador que marcou o século XIX, Freud, teve seu pensamento voltado para a questão clínica. Freud via a humanidade e sua cultura como uma questão patológica e por isso desenvolveu todo o seu trabalho fazendo uma associação entre as patologias encontradas no individuo social relacionando-as as investigações clínicas.
O método psicanalítico de Sigmund Freud consistia em estabelecer relações entre tudo aquilo que o paciente lhe mostrava, desde conversas, comentários feitos por ele, até os mais diversos sinais dados do inconsciente, abrangendo assim, os assuntos dos seus pacientes como um todo. Pois, para ele, havia sempre certo conflito entre os impulsos humanos e as regras estabelecidas pela sociedade, que seriam responsáveis por trazer a tona algumas necessidades básicas do ser humano que por alguma razão foram reprimidas.
Frente a uma sociedade moderna, onde o homem tornara-se senhor de si mesmo, ou tinha um pensamento livre dos dogmas religiosos, surge Freud e diz que o homem é um ser irracional, dominado na sua maior parte por instintos sexuais. E que a sexualidade, contrariando aqueles que diziam que ela surgia apenas na puberdade, era algo intrínseco no ser humano desde a primeira infância, e que a maioria das nossas repressões sexuais ocorria nessa fase.
Seu pensamento causou muita estranheza para a sociedade da época, regida por leis morais e “donas” dos seus próprios instintos. Freud dizia que desde pequenos nos é inserido, através do processo social, regras de como se portar diante da sociedade, pelo processo educacional, o que acarretava uma repressão desses instintos e das energias no nosso inconsciente a fim de reprimir o que não era moralmente correto. É sobre esta abrangente afirmação que Freud constrói sua obra, e trabalhando com os mecanismos mais profundos do ser humano consegue sistematizar, em grande parte, o saber psicanalítico sobre o inconsciente.
Outro pensamento que merece destaque é o de Marx, que dizia que os resultados das atividades e experiências humanas se dá através da cultura, visto que o processo de produção e reprodução da vida acontece por meio do trabalho. Para ele, o trabalho é a principal atividade humana que constitui a historia social e serve com método de análise da vida econômica, social, intelectual e política.
Segundo Marx o que diferencia o homem é a sua capacidade de compreender e produzir suas próprias condições de existência, tanto material como ideal. Assim, o homem pode fazer a sua história, mas não pode fazer suas escolhas, pois ele é historicamente determinado por suas condições. Sendo um reflexo da sociedade na qual ele está inserido.
Assim, as relações sociais dos homens são frutos das relações que eles têm com a natureza, e por meio dela desenvolvem suas práticas de produção e o trabalho não se torna uma atividade isolada, pois ao produzir, os homens entram em contato uns com os outros, e essa interação lhes confere, além da dimensão natural uma dimensão social.