1ª FESTA LITERÁRIA DO CCJ (SP) - NOITE 2

Segundo dia, já sei o local, chego no horário. Reencontro os novos (já velhos) amigos e começo a arrumação da mesa. Mal coloco os livros e rola a primeira venda. Oba! Mais que comemorar a comercialização antes mesmo do horário previsto, é perceber que a rapaziada que está chegando é inteirada, informada, interessada. Conversam, confessam, discutem, inquirem, falam de Borges e Sérgio Vaz, de Sacolinha e Cortázar, de Clarice e Rodrigo Ciríaco, sempre com a mesma desenvoltura e o mesmo conhecimento. A tarde e noite prometem!

Continuo minha arrumação e avanço mais algumas casas no tabuleiro. Autores estão discutindo obras, pessoas interessadas não param de circular, mó climão na área.

A única coisa que chama a atenção é um cinza azulado que se desenha no horizonte, e vem se aproximando, aproximando, aproximando... até que tudo vira água, ou seus sinônimos: chuva, torrente, cascata, dilúvio etecétera. E tal.

Pra variar (ou compensar), no mesmo momento é iniciada uma rodada do 1º Seminário de Literatura na Periferia, cujo tema hoje é Educação - Barreiras Visíveis e Invisíveis: Teorias e Práticas que Entrelaçam Educação e Literautra na Periferia. Os convidados à mesa são Allan da Rosa e Celinha Reis, ambos de Sampaulo, devidamente apresentados e provocados por Chellmi, do Sarau da Brasa. Se neste momento ainda tínhamos uma platéia, pequena que fosse, ela agora vai para a tenda e sua rica discussão.

Como expositor, estou preso, não posso acompanhar o debate. Quer dizer, poder eu até posso, mas aí fica sendo uma certa falta de respeito com o público. Público? Que público? As águas de Sampedro afugentaram a todos, e ficamos ali, no maravilhoso espaço cedido pela organização, sem a nossa principal razão de existir: o leitor. Tudo bem, o papo entre autores, as afinidades, a complexidade das questões que nos aproximam (exposição na mídia, condições de produção e distribuição, escolas e gêneros), tudo vira motivo para uma conversa rica e pertinente.

Mas que dói a ausência do leitor, ah, isso dói!

Agora, esperar por amanhã. E com sol, se não for pedir demais!