QUANTO CUSTA UM SONHO?
“Quando sonho sou outra / Inauguro-me.” (Helena Kolody)
Um sonho não custa nada, mas requer investimento em tempo, criatividade e afeto. Gestos e palavras revelam um pouco da alma e da experiência, fazendo conexão com a linguagem do inconsciente: nossos sonhos.
“Persegui a luz? / Mal segui-a, tendo / onde o sonho pus, /
uma flor morrendo...” (Alphonsus de Guimaraens Filho)
É fundamental considerar o sentimento como a mais difícil tarefa: lidar com as emoções, coloca equilíbrio no dia a dia. Muitas vezes temos a audácia de interpretar os sonhos, mas a graça não está em desvendá-los, mas em vivê-los. Peninha escreveu Os sonhos, que Caetano Veloso interpreta ”... Tenho um sonho em minhas mãos, amanhã será um novo dia ...”
O ideal é sonharmos com a opção que mais combina conosco; repensar as experiências e fantasias, pois o poder de escolha nos dá a oportunidade de nos reconhecermos e, ainda, de vivermos onde podemos abrigar os nossos sonhos: verdades, o ter, o ser e o amor, porque achamos que há espaço em nossas vidas. Segundo Jorge Tufic, “Agora, sim: / para onde eu flor / carrego meu sonho”,
A iniciativa é o verdadeiro presente que nos faz sentirmos amados, desencadeando alegrias. O desafio está no plano emocional, por isso, temos de descobrir realmente o que estamos sonhando. Viajarmos um pouco na realidade, com os sonhos, é vivermos em paz e termos a dimensão da vida. Khaled Ghoubar escreveu, “Sonhar // como gosta a noite / a escurecer os dias / para os sonhos acordarem / dentro da nossa alma / a contar segredos e mistérios.”
No meio de bombardeio de ofertas, de novidades nas vitrines, vivemos num mundo em que os apelos de consumo estão por toda a parte. É preciso lembrar que a tarefa é darmos tempo ao tempo, porque não conseguimos tudo o que queremos o tempo todo, como em Pedro Du Bois, “Sonho //... restitui a lembrança do esquecido / gesto não realizado: nos sonhos / a incompreensão dos fatos”.
Nesta investigação, o coração aperta e muitas vezes o orçamento pressiona... um dia cai a gota d’água e entramos em curto circuito. Desabamos em rompantes de emoção e, nesse instante, entre o acontecido e a vontade de explodir, o desafio está em sabermos: quanto custa um sonho?