Sofrer é preciso

À literatura não cabe a função de descrever o que é real. Para isso existe o Jornalismo, que procura sempre passar o máximo de veracidade no que retrata. Mas é inevitável para um escritor que sua arte seja influenciada pelas suas experiências de vida. Não que ele viva única e exclusivamente em busca de algo para inspirá-lo. É que o fato de seus escritos estarem ligados a o que ele vive torna suas relações e sensações sobre o mundo cada vez mais intensas.

Para alguém assim a mediocridade passa longe. É preciso haver uma entrega total. Muitas vezes a impulsividade de sentir, que move quem escreve, é tamanha que a disparidade com a realidade pode causar grandes choques. É preciso amar ao extremo, é preciso se doar, se dedicar até o último suspiro. Mesmo que o resultado disso tudo seja uma queda livre, nunca será uma desilusão. Pois, ao recorrer dos tombos, o escritor aprende a voar e aos poucos vai atingindo a eternidade. Um poeta que sofre a dor da existência a cada dia da sua vida tem a necessidade de fazê-la valer a pena. Ele quer beber cada gota do orvalho que o mundo lhe oferece em cada amor novo em folha.

Falando nele, não é verdade que o amor só acontece uma vez na vida. Se alguém é capaz de amar uma vez, quer dizer que o amor existe dentro dessa pessoa. Assim, ela precisa transferi-lo para outro alguém. A maior dificuldade é resgatar o amor que foi doado, quando uma união acaba. Mas ele nunca deixará de existir, pois é como um deus que não se sabe explicar de onde veio, mas que sempre esteve ali.

Outro sentimento que influencia muito o literato é a tristeza. Muitas vezes causada pela separação e pela saudade de um relacionamento intenso. Ela é um dos principais motores da inspiração. Ela foi cantada por Vinícius de Moraes, que dizia “Mas pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza, é preciso um bocado de tristeza

Senão, não se faz um samba não”.

Assim, a carga emotiva do autor de uma obra literária é de fundamental importância para que ele possa dizer ao mundo, em uma forma poética, o que se passa no seu coração. Para isso, é preciso sentir na pele cada beijo, cada abraço, cada gesto de despedida, de um relacionamento que se encerra. E, por fim, tudo termina como em um ritual de magia dourada, em que ambos, o poeta e sua amada, juram caminhar de almas dadas por toda a eternidade, mesmo estando separados fisicamente. Por isso tudo e pela beleza da poesia, sofrer é preciso.

Stephany Eloy
Enviado por Stephany Eloy em 26/12/2012
Reeditado em 26/12/2012
Código do texto: T4054177
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