Maya
Uma menina solitária.
O pai, comprometido com viagens e mais viagens.
A mãe, comprometida com plantões e mais plantões.
Ela desejava um amigo.
Esta é Maya, a personagem principal do livro ‘Um cachorro para Maya’, da formidável Roseana Murray.
Após pedir muito um cão, Maya o recebe, mas ele é roubado. A tristeza da perda aparece, porém é superada aos poucos.
Maya ganha de presente um novo cão, já ao final da trama. Um sonho que se realiza...
Excelente material para trabalhar a perda, a frustração, a luta para concretizar desejos, sonhos, projetos.
Nas salas de aula, essas situações aparecem e o professor se vê instado a trabalhar com elas. Talvez por isso digam que ele precise ser psicólogo também...
Augusto Cury, em Pais brilhantes, professores fascinantes, defende que os professores fascinantes são os que possuem sensibilidade, educam a emoção, estimulam a arte de pensar, resolvem conflitos, preparam para a vida.
Diz ele ‘leve os jovens a enxergar os singelos momentos, a força que surge nas perdas, a segurança que brota no caos, a grandeza que emana dos pequenos gestos.’ (2004: 41)
Logo no início de minha carreira, propus que, no dia dos pais, minha turma de 6º ano fizesse um presente direcionado aos pais. No meio da aula, uma aluna saiu de sala chorando.
Não entendi.
Quando conversei com a menina, ela me revelou que tinha sido abandonada pelo pai. Precisei de muito tato para trabalhar a perda que ela havia sofrido.
Ela ficou bem.
Eu aprendi a lição.
Outra vez, fizemos um teatrinho envolvendo o julgamento num tribunal. O tema consistia na relevância da leitura.
Ao final da apresentação, a aluna que representara a juíza segredou-me algo: ‘adorei a peça, vou fazer Direito’.
Cadernos. Borrachas. Apontadores.
Perdas. Sonhos.
Materiais presentes nas escolas.
E na vida.
Deveres de casa para os professores.
Saiamos do lugar comum, caminhemos dentro de nós mesmos, viajemos sem sair do lugar, conquistemos o planeta psíquico de nossos alunos...
Educar é, sobretudo, entender a poesia da vida!...