POESIA DA MONTANHA

Estilo individual associa-se ao talento personalíssimo, que da criação é arte. No seu todo abrangente, ela individualiza detalhes em cor e brilho, densidade e dimensão, no concreto e no abstrato ou no que lhe cause impressionismo. A arte fragmenta-se, reluz como centelha na síntese ou se avulta como farol a longa distância e máxima altitude. Nela o artista vê-se à luz da criação a revelar-se.

Literatura é “a arte da palavra”. Simples o conceito, preciso na sua objetividade, não tanto quanto a arte poética. Esta compreende a forma e conteúdo ao que precede o talento, muitas vezes sobrepondo-se ao conhecimento. Este é básico; mas dele não depende a inspiração. Inspiração não se aprende na escola; não se aperfeiçoa nos bancos acadêmicos. A estes compete – e nem sempre conseguem – burilar o talento, que é nato. Por isso, escrever é um exercício de que depende o aprendizado. Em prosa e verso, o escritor é um aprendiz.Ele é dono da ideia, onisciente da inspiração, mas não é absoluto na arte, ainda que própria. Especialmente na prosa. Quantos se afirmam na ideia, perdem-se no conteúdo e se contradizem na forma. Em coisas simples, que em tantas leituras não percebem. A tudo isto submete-se, também, o fazer poético. A poesia já vem pronta. O que ela quer e precisa é de adequação à forma; e é aí que nasce o estilo.

Modernidade desenha traços de leveza, objetividade, concisão, clareza, luz e cor, ritmo, sonoridade. Quando alguém reúne esses elementos (ou não necessariamente todos) num só texto, vai além do escrever. Faz arte; e ate poética.

Há uma associação de sentidos perceptível esteticamente na poesia DA MONTANHA. Os versos montanheses agregam uma disposição sintática em que os hipérbatos regem os vocábulos. Elisões, deslocamentos semânticos, aglutinações, aliterações e assonâncias, tudo no contexto e formato rigorosamente sintético, sem que lhe impeça extensiva interpretação. Este inteligente e poético jogo de palavras dá ao poeta um traço distintivo que o torna original cultor da arte poética associada à pintura em bela e perfeita expressão.

Longe dos parâmetros do Parnasianismo,  mas “em prol do estilo”, João. Modernamente, a “arte pura, inimiga do artifício”, nos poemas DA MONTANHA.
LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 18/11/2012
Reeditado em 18/11/2012
Código do texto: T3992497
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