A MÚSICA DAS PALAVRAS
A MÚSICA DAS PALAVRAS
Duas formas de expressão existem desde os primórdios da humanidade, a prosa e a poesia.
Na prosa, empregam-se preciosas palavras algumas,duras,outras fortes ou doces ,coloquiais.Quando escrevemos caprichamos mais na disposição das frases,embora alguns extrapolem o cuidado usando palavras difíceis e expressões exageradamente acadêmicas,ininteligíveis ao homem comum.
Os grandes escritores temperam bem suas palavras e além de nos passarem importante conhecimento,sabem fazê-lo de modo simples e elegante.
Mas,existe uma forma de escrever onde as palavras soam como música aos nossos ouvidos.É a poesia ,que nos trás encanto,ritmo,imagens mais nítidas que ascendem ao coração e ao sentimento.
A emoção que os versos nos passam não vêm só da sua disposição gráfica,mas,também pelo conteúdo das ideias e,principalmente,pela vibração interior que os verdadeiros poetas nos transmitem.
Talvez por causa disto é que o grande poeta Schiller definiu a poesia como “ uma força que age de maneira divina e não apreendida,além e acima da consciência”.
Ou citando Paul Valèry:” Poesia é a tentativa de representar ou de restituir por meio da linguagem articulada aquelas coisas ou aquela coisa que os gestos,as lágrimas,as carícias,os beijos,os suspiros procuram obscuramente exprimir.”
A prosa tem formas e preceitos regulares, deve ser clara e explícita,real e precisa;já a poesia deve ter uma linguagem incomum,uma maior liberdade de expressão e uma interpretação mais acentuada.
Antigamente os versos tinham que ser metrificados e rimados,isto é com as mesmas terminações e medidas.Mas,a poesia não pode ser definida apenas por rima e métrica,nem ser aprisionada em regras determinadas ,pois é livre como a imaginação.
Malherbe comparava a prosa á marcha e a poesia á dança.
Antes mesmo do homem aprender a escrever já sabia cantar; daí,nasceu a poesia.Vitórias guerreiras eram celebradas e cantadas,repetidas pelo povo e acompanhadas por instrumentos musicais,como a harpa e a cítara.Assim cantava Homero,o poeta cego,que espalhava aos quatro ventos a vitória da sua gente.
Isso me lembra a importância que os poetas tinham na Antiguidade, cercados por uma aura de nobreza; a eles cabiam divulgar os augúrios e por isso eram chamados de vates e vaticínios essas interpretações.
Existem várias espécies de poesia, a dramática, representada nos teatros,que possui falas e diálogos,enredo,ação e compreende o drama,a tragédia,a comédia,como as obras de Shakespeare,por exemplo.
Como a poesia épica como a de Torquato Tasso (Jerusalém Libertada) ou os Lusíadas ,de Camões que louva os feitos de Vasco da Gama.
Na poesia lírica exprimem-se os sentimentos de cada um.O amor, a tristeza,a saudade e eram chamadas assim porque os poetas as recitavam “tangendo a lira”,um instrumento de corda muito comum no mundo antigo.
A poesia satírica nasceu do desejo de levar ao ridículo pessoas ,instituições ou acontecimentos que o poeta achava merecedores deste tratamento por seus defeitos e vícios. Daí os epigramas como criavam Gregório de Matos e Bocage.
As poesias são compostas de versos de versos e estrofes.Quatro versos formam uma estrofe:
Na alcova sombria e quente,
Pobre demais, se não erro,
Repousa um moço doente
Sobre uma cama de ferro.
Existem os versos brancos , os preferidos para poemas épicos e para os trágicos.
Na Literatura brasileira temos os poemas “O Uruguai”,de José Basílio da Gama,os “Timbiras”,de Gonçalves Dias, “Anchieta” ,de Fagundes Varela.
Todos priorizam a beleza da forma poética, a harmonia e a expressiva distribuição dos acentos.
Nos tempos modernos ,usa-se muito o verso livre,sem medidas regulares.
Mas,os versos rimados agradam muito mais ao ouvido e nos ajudam a recordar as palavras de uma poesia.
Eu os prefiro a qualquer outro.
GIGANTES DA POESIA: JOÃO DE DEUS
A VIDA
A vida é o dia de hoje,
A vida é ai que mal soa,
A vida é sombra que foge,
A vida é nuvem que voa;
A vida é sonho tão leve
Que se desfaz como a neve
E como o fumo se esvai:
A vida dura num momento,
Mais leve que o pensamento,
A vida leva-a o vento,
A vida é folha que cai!
A vida é flor na corrente,
A vida é sopro suave,
A vida é estrela cadente,
Voa mais leve que a ave:
Nuvem que o vento nos ares,
Onda que o vento nos mares,
Uma após outra lançou,
A vida – pena caída
Da asa da ave ferida
De vale em vale impelida
A vida o vento levou!