SOBRE O LIVRO SAGARANA

Lembrando que sou apenas leitor na circunstancia.

E possível que de todos os livros que cheguei a ler em quantidade não inferior à casa dos milhares sagarana seja o que mais despertou meu interesse. Seja por ser o relato com minúcias das coisas de Minas Gerais de onde tenho grande identidade, seja por achar o pitoresco Manuelzão (contido em outra obra) uma personagem viva que sobreviveu ao autor morto em 1969 pouco antes de assumir na academia Brasileira de Letras. Ou quem sabe pelo estilo bastante simples e próprio do autor que não se furtava a fazer seus rascunhos a qualquer hora e não tinha pressa em entregar nada a ninguém de editora alguma salvo quando se sentisse tal e qual uma mulher se arranjando para um a festa que o marido perdeu as estribeiras e liberasse apenas ele e ninguém mais, a vontade para faze-lo. O passeio nas paginas do livro começa com o burrico Sete de Ouros e suas artimanhas, e uma quase biografia dele pelas vaidades e alegrias de donos antigos ate chegar à fazenda junto com a velhice e o destaque mesmo e o regionalismo. Eu gostaria de ver um matuto com capacidade para leituras e saber como ele reagiria ao analisar toda sua lida dentro de um livro com riqueza de detalhes tal e qual ele viveria e em alguns casos creio que ele haveria de sentir-se ate mais urbano ou ficaria aborrecido por sentir-se flagrado na sua vida de caipira nato? As conversas, os lugares as menções aos nomes de gente e bicho, as intrigas e artimanhas tão comuns nos interiores de São Paulo e Minas. Seria interessante ver um tabaréu reagir a tudo isso. E o danado e que Guimarães Rosa que foi militar e medico correu os lugares para sentir a mesma sensação que um ator sentiria. Anotando tudo em seu rascunho que levava a tiracolo. De onde refazia ate o som onomatopeico de um grilo nas pagina de seus livros. Uma coisa de louco. Houve quem citasse que seus livros traziam dificuldades aos leitores. De certo uns amadores pois aqueles que perseguiam uma joia rara passavam direto pelos detalhes e alias cada um deles eram vistos com uma facilidade e transito livre ao deleite. Por isso, mencionar a palavra dificuldade era a meu ver conversa fiada de quem não e afeto a literatura. E vai uma frase do próprio autor a esses com dificuldades de entender o carpires `No sertão o homem eh o eu que eu ainda não encontrou um tu; por ali os anjos e o diabo ainda manuseiam a língua. Bravo! Eu tenho destaque e especial atenção para as novelas caipiras do autor. O burrinho pedrês, por causa do sete de ouros. O duelo por causa do Turíbio Todo e sua sorte ou falta dela ma sorte que veio a morrer depois de quem queria sua morte e a hora e a vez de Augusto Matraca onde um covarde tira forca da própria incredulidade para fazer o inimaginável como acabar com a raça de quem o assombrava. E um livro para ser lido em qualquer época se consideramos que jamais o progresso mudara os sertões e a lida do povo do mato. Abaixo a relação das novelas (contos) contidas na abra.

1-O Burrinho Pedrês

2-A Volta do Marido Pródigo

3-Sarapalha

4-O Duelo

5-Minha gente

6-São Marcos

7-Corpo Fechado

8-Conversa de bois

9-A hora e vez de Augusto Matraga

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 04/09/2012
Reeditado em 14/06/2022
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