O embaixador do Brasil na Gestapo (OLGA)
Olga não ignorava que corria o risco de ser deportada. Durante os dez dias no prédio da rua Relação, ouvira notícias de que, desde a revolta, Getúlio Vargas devolvera à Europa centenas de "estrangeiros indesejáveis". Mas sabia também que havia algo a seu favor: ninguém conhecia sua verdadeira identidade. De verdadeiro a polícia só tinha seu prenome, obtido durante o depoimento de Rodolfo Ghioldi. Em todos os interrogatórios a que fora submetida nos primeiros dez dias de prisão, ela se recusara a prestar qualquer informação às autoridades e repetia até à irritação as mesmas respostas:
_ Nome?
_ Maria Bergner Vilar.
_ Nacionalidade?
_ Brasileira.
Apesar do sotaque forte, ela dizia isso com firmeza e naturalidade.
Os policiais insistiam:
_ Como? Brasileira?
_ Sim, brasileira. Eu sou a mulher de Luiz Carlos Prestes, que é brasileiro. Portanto, sou brasileira.
A imprensa, a princípio, identificou-a como Olga Meirelles, irmã do tenente Sylo Meirelles, companheiro de Prestes na revolta. Depois o noticiário garantia que seu verdadeiro nome era Olga Berger, nascida em Ostende, na Bélgica, e que conhecera Prestes quando trabalhava na legação comercial soviética em Bruxelas. Os dois teriam se casado em Montevidéu, a caminho do Brasil. O jornal O Estado de São Paulo garantia, em furo de reportagem, que a mulher com quem Prestes se casara era, na verdade, Olga Jazikoff Pandarsky, extremista presa em São Paulo meses antes, deportada por decreto do presidente Getúlio Vargas e que retornara clandestinamente ao Brasil.
(Fragmentos do livro Olga de Fernando Morais)
Uma história linda, que quando lida se torna algo de total encanto pela vida de Olga Benário Prestes.