Medo do Escuro (Prefácio)
Prefácio
Medo do escuro é uma junção de muitos rascunhos de histórias inventadas, depois queimadas, histórias das quais nunca vivi antes. Os personagens Samuel, Sabrina, Thiago, Jacque, Adriano e outros, sempre foram personagens repetidos, com as mesmas personalidades, depois queimados e reinventados em outra história.
O rascunho escolhido foi Medo do Escuro, comecei a escrever em 2007 e finalizei em Abril de 2011, nunca gostei deste título, mas não pensei em nenhum outro, não fiz muitas mudanças.
Nunca pensei em escrever o que as pessoas gostariam de ler, mas sim escrever o que eu gostaria de ler. Tudo começa na frustração de ler e querer sentir prazer no que li, assim escrevi a princípio para mim mesmo, dividi a história Medo do Escuro em duas partes, os antigos diários e a Vila de Willy, trata-se de uma sequência.
Tratando-se da primeira parte, sou ousado em dizer que ninguém estar disposto a se dar pelo outro. Costumo traduzir “medo do escuro” como “medo do que não estar ali”, sou cauteloso para descrever o medo, antes prefiro falar de amizade e amor.
Afinal, se você estiver em um lugar confortável, isto é, bom de estar, você trocaria de lugar com alguém que você nem conhece ou ama muito, mas viver e reviver todo medo que já sentiu?
Você precisaria gostar muito da sensação do medo, como eu, ou não ter medo de nada, como o personagem que eu criei. A verdade é que conhecemos pessoas e amamos muita gente, mas se você estivesse neste local assustador, onde você é posto diante de todos os seus medos e dores, qual dessas pessoas estariam dispostas a trocar de lugar com você?
Temos medo de tudo um pouco, uns tem muitos, outros tem alguns, mas você já ouviu falar de alguém que não teve nenhum medo?
Na segunda parte da história, não escrevo para mim apenas, tenho segundas intenções, familiarizar os que leram a primeira parte com os personagens. É que cada personagem, sem exceção, tem uma história particular, escondem segredos que poucos ou apenas eu conheço, tais segredos são revelados de acordo com o esfolhear de cada página.
É até difícil falar de segredos sem falar de Anderson Alencar, o personagem que criei para dar início a toda maldita sensação de medo que roubava os que estavam ali na Fazenda Verde Lar.
Anderson foi apenas o primeiro de todos a conhecer aquele lugar, é que ele sempre ia de cidade em cidade, sempre nas menores, passava pouco tempo em cada uma, é que ele era um saqueador, o mais astuto de todos o que já houve, ele não tinha medo de nada, amava a sensação de adrenalina. De manhã era um bom homem muito prestativo para todos, mas de noite era um saqueador longe de toda e qualquer suspeita.
Uma adaga de prata, valiosíssima foi o seu maior triunfo, nada o impedia até que conheceu Anita, a mulher de um banqueiro e se apaixonou profundamente por ela e decidiu que iria leva-la com ele. Não foi uma tarefa fácil de fazer, ele nunca tinha ajuda de outros e nunca roubava mais que objetos. Na noite que entrou na casa do banqueiro ao se encontrar com Anita, uma mulher de olhos muito marcantes, insistiu para que ela fugisse com ele, Anita aceitou e confessou que tivera sonhos com o saqueador misterioso e que ansiava conhece-lo.
Eles fugiram no dia seguinte, dentro de um barco a motor, que quase foi destruído pelos capangas do banqueiro que dispararam muitos tiros na fuga de Anita, isso deixou o barco em risco em alto mar, eles quase morreram e não sabiam para onde o vento estava levando-os, até que depois de uma noite de tempestade, eles acordaram em um lugar muito estranho.
Anita e Anderson, eles estavam dentro de uma casa muito grande, uma casa no meio do nada, isto é, tudo o que havia era um imenso terreno de barro, e bem longe, havia uma montanha muito grande.
Eles não demoraram muito para perceber que não estavam sozinhos naquele lugar, havia um povo muito estranho que rondavam aquele lugar, mas, eles nunca entravam na casa, um povo que pareciam cultuar a lua, pois todas as noites inclinavam suas cabeças para o alto e não faziam mais que isto.
Anderson todas as vezes que saía de casa pela tarde, em busca de comida, era caçado e jogado em um buraco, que era uma espécie de caverna, mas sempre saía de lá, até que em uma noite decidiu que enquanto aquele povo estivesse prestando seu culto a noite, iria matar a todos, com sua bela adaga de prata e fez.
O que Anderson e Anita não sabiam, é que aquele não era um lugar comum, e também não sabia que para o lado das montanhas havia outra população tão estranha quanto aquela da qual ele se livrara.
O casal passou a habitar ali, constituiu família e chamou o terreno de “Fazenda Verde Lar”, uma recompensa de um ato desumano que passou por muitas gerações.