Crônica: Gênero Jornalístico ou Literário?
A dúvida que permeia muitos leitores, escritores e até profissionais da área de Linguística é a que gênero pertence a Crônica, se a mesma pode ser considerada como literária ou se ainda não possui potencialidade o bastante para isso. Embora freqüente em meio jornalístico e sendo de certa forma associada à produção de fatos, relatos e opinião, a crônica foi adquirindo maior autonomia, preocupada com a estética e estilo.
Dentro dos parâmetros literários percebemos que a crônica depois de tantas modificações está configurada como tal, entendemos que a mesma aos poucos conquistou o seu espaço na literatura, através da criatividade e da linguagem que foi se modernizando e se aprimorando.
Os escritores-jornalistas antes habituados à descrição começaram a utilizar uma linguagem mais leve, expressiva e em alguns momentos até metafórica, na realidade a Crônica foi se transformando, com uma linguagem mais rica e elaborada. Não se limitando apenas às normas do gênero jornalismo, foi criando beleza e um pouco de subjetividade sem, no entanto, deixar a naturalidade que é vital desde sua origem. Podemos capturar tal mensagem através do comentário de Jorge de Sá, que com bastante simplicidade, traz à tona um pouco dessa transição da crônica:
O coloquialismo, portanto, deixa de ser a transcrição exata de uma frase ouvida na rua, para ser a elaboração de um diálogo entre o cronista e o leitor, a partir do qual a aparência simplória ganha sua dimensão exata. (SÁ, 2001, p. 11.).
O precursor de toda essa nova roupagem foi João do Rio, escritor carioca e redator de jornais, sem temer em relatar o que pensa e o que considera correto, incluiu em seus textos maior profundidade e fantasia, sendo a crítica uma de suas maiores características.
A partir daí surgem outros escritores, porém é o renomado escritor Rubem Braga, o cronista em excelência, que enriquece a Crônica com um toque de sensibilidade e com uma cosmovisão mais subjetiva cooperando para que este gênero fosse elevado a um nível maior.
O que podemos compreender é que tal gênero se tornou literário, porém não perdeu o instinto de observação e até mesmo de descrição proveniente nos escritos jornalísticos, continua registrando o circunstancial, porém com uma visão mais pessoal e abrangente, com iluminação e graça as palavras tomaram um tom mais apreciativo, gerando no leitor maior reflexão diante das confissões e idéias apresentadas.
Muitos estudiosos concluem que a crônica é resultado de dois gêneros, jornalístico e literário, transita entre dois mundos. A miscigenação dos mesmos produziu o efeito lido nos dias de hoje, simplório e simultaneamente com autonomia estético-estilístico, ambos complementando-se de forma coerente. No entanto, podemos afirmar que por sua estrutura e sentido reflexivo apurado tornou-se mais
excelente, configurou-se como literária, fazendo-se permanentemente parte de nossa Literatura brasileira.
(Texto extraído do meu Trabalho de Conclusão de curso, que tem como tema "Rubem Braga, O Contador de História").
A dúvida que permeia muitos leitores, escritores e até profissionais da área de Linguística é a que gênero pertence a Crônica, se a mesma pode ser considerada como literária ou se ainda não possui potencialidade o bastante para isso. Embora freqüente em meio jornalístico e sendo de certa forma associada à produção de fatos, relatos e opinião, a crônica foi adquirindo maior autonomia, preocupada com a estética e estilo.
Dentro dos parâmetros literários percebemos que a crônica depois de tantas modificações está configurada como tal, entendemos que a mesma aos poucos conquistou o seu espaço na literatura, através da criatividade e da linguagem que foi se modernizando e se aprimorando.
Os escritores-jornalistas antes habituados à descrição começaram a utilizar uma linguagem mais leve, expressiva e em alguns momentos até metafórica, na realidade a Crônica foi se transformando, com uma linguagem mais rica e elaborada. Não se limitando apenas às normas do gênero jornalismo, foi criando beleza e um pouco de subjetividade sem, no entanto, deixar a naturalidade que é vital desde sua origem. Podemos capturar tal mensagem através do comentário de Jorge de Sá, que com bastante simplicidade, traz à tona um pouco dessa transição da crônica:
O coloquialismo, portanto, deixa de ser a transcrição exata de uma frase ouvida na rua, para ser a elaboração de um diálogo entre o cronista e o leitor, a partir do qual a aparência simplória ganha sua dimensão exata. (SÁ, 2001, p. 11.).
O precursor de toda essa nova roupagem foi João do Rio, escritor carioca e redator de jornais, sem temer em relatar o que pensa e o que considera correto, incluiu em seus textos maior profundidade e fantasia, sendo a crítica uma de suas maiores características.
A partir daí surgem outros escritores, porém é o renomado escritor Rubem Braga, o cronista em excelência, que enriquece a Crônica com um toque de sensibilidade e com uma cosmovisão mais subjetiva cooperando para que este gênero fosse elevado a um nível maior.
O que podemos compreender é que tal gênero se tornou literário, porém não perdeu o instinto de observação e até mesmo de descrição proveniente nos escritos jornalísticos, continua registrando o circunstancial, porém com uma visão mais pessoal e abrangente, com iluminação e graça as palavras tomaram um tom mais apreciativo, gerando no leitor maior reflexão diante das confissões e idéias apresentadas.
Muitos estudiosos concluem que a crônica é resultado de dois gêneros, jornalístico e literário, transita entre dois mundos. A miscigenação dos mesmos produziu o efeito lido nos dias de hoje, simplório e simultaneamente com autonomia estético-estilístico, ambos complementando-se de forma coerente. No entanto, podemos afirmar que por sua estrutura e sentido reflexivo apurado tornou-se mais
excelente, configurou-se como literária, fazendo-se permanentemente parte de nossa Literatura brasileira.
(Texto extraído do meu Trabalho de Conclusão de curso, que tem como tema "Rubem Braga, O Contador de História").