A ACADEMIA XUCRA DO RIO GRANDE DO SUL

     No último final de semana, tive a oportunidade de conviver com os poetas e escritores da Estância da Poesia Crioula (EPC), entidade de largos serviços prestados à cultura gaúcha. Fizeram parte da programação o rodeio de poetas crioulos, uma visita ao monumento aos poetas mortos e uma tertúlia com os associados. Lá estavam Cândido Brasil, presidente, José Machado Leal, Luiz Alberto Ibarra, Darci Éverton Dargen, Léo Ribeiro de Souza, Norberto Castro, Beatriz Castro, Paulinho Pires, Wilson Tubino, Sued Macedo, Mário Cezar Castro, entre outros valores da nossa terra.

     A EPC sempre foi uma confraria de excelência e carrega o condão de aglutinar os vultos mais destacados da literatura gauchesca ao longo dos tempos, honrando um legado que se iniciou em meados do século XIX, com o poeta oriental Bartolomeu Hidalgo (1788-1822). A ela estão associados nomes como os de Vargas Neto, Hugo Ramirez, Lauro Rodrigues, Jayme Caetano Braun, Guilherme Schultz Filho, Cyro Gavião, Nilza Castro, Ary Veríssimo Simões Pires, Aureliano de Figueiredo Pinto, Darcy Fagundes, Glaucus Saraiva, Paixão Côrtes, Barbosa Lessa, Manoelito de Ornellas, Laci Osório, Natércia Cunha Veloso, Nitheroy Ribeiro, Aparício Silva Rillo, Luiz Menezes, Mansueto Bernardi, Adão Carrazoni, Zeca Blau, José Hilário Retamozzo, J. O. Nogueira Leiria, João da Cunha Vargas, Roberto Mara e Francisco Pereira Rodrigues, sendo que este vate ainda nos brinda com sua presença e sua lira inspiradíssima. São tantos nomes de brilho tão intenso que a simples elocução dessa nomenclatura basta para fazer trepidar a pena do articulista, num temor reverencial justificado.

     Durante o evento cultural, foi lançada a antologia com a produção artística dos membros da academia, edição de 2011. Ali está mantida a qualidade estética que caracteriza, há décadas, os versos e a prosa desses escribas. O gaúcho é tipo social de época determinada, de uma região configurada, que deixou uma herança subjetiva que se reflete num jeito de pensar, sentir, amar, trabalhar, escrever e compor. Homem que canta triste para uns, guacho para outros, ele continua a encantar seus descendentes, que buscam cultuar sua memória e decifrar seu modo de vida. Seus valores, refletidos na coragem e na amizade, no amor ao pago e ao seu clã, a par de um testamento que lega bens imateriais, tiveram na Estância a acolhida e a veneração merecidas. A exemplo do Partenon Literário e do Grêmio de Cezimbra Jacques, a EPC é depositária fiel do memorial do gaúcho.



Correio do Povo
Porto Alegre - RS - Brasil
ANO 116 Nº 281 - PORTO ALEGRE, SEXTA-FEIRA, 8 DE JULHO DE 2011.
Landro Oviedo
Enviado por Landro Oviedo em 06/03/2012
Reeditado em 18/11/2018
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