Ah! Compadre Del Nero......
Contando uma historinha de quando tinha seis para sete anos, quando morávamos em um local chamado Fazenda Amarela, na proximidade da cidade de Barretos/SP, sendo moradores recentes, pois há pouco mais de um ano morávamos em Cosmorama/SP, antigo Sertão da Araraquarense, onde meus pais recém casados dedicavam as lides agrícolas plantando algodão para fazer reservas de poupança e arroz, milho e feijão, para o sustento da prole que emergia. Lembrando que tudo era feito manualmente, desde o preparo do solo, plantio e tratos culturais. Cinco anos decorridos a poupanças já apresentava vantajosa, na Casa Bancaria Banco Brasileiro de Descontos S/A, nome do Bradesco naquela época. Como trabalhava em terras arrendadas, já surgiu o interesse em comprar terras próprias e a poupança, já quase era suficiente, faltando muito pouco, para adquirir uma propriedade numa cidade próxima a Cosmorama.
Surgiu, entretanto outras idéias e vontade de voltar para a região de Barretos/SP, onde há anos moravam seus irmãos Guilhermino e Benjamim, fato que se deu logo após as colheitas de 1948, quando rumamos para Barretos, morando primeiramente na Fazenda Limeira no ano de 1949 e mudamos logo em seguida para outra do mesmo proprietário, chamada Fazenda Amarela, que tinha especialização na cultuara de cafezais.
Certo dia inesperadamente surgiu em nossa casa um casal visitante, tratando-se do casal Del Nero, moradores também da região de Cosmorama e era compadre de meus pais, pois havia batizado um dos meus irmãos, que não me lembro qual.
Após um longo papo, do jantar, compadre Del Nero, bradou o motivo de sua visita, que consistia em certo aperto financeiro momentâneo, precisava do dinheiro da poupança emprestado, e que logo que recebesse os valores os trazia de volta para efetuar o pagamento, se propondo pagar pequena percentagem em juros.
O problema é que ele sabia das intenções de meu pai para comprar um sitio próprio, provavelmente ele próprio havia indicado o da proximidade da Vila Parise, o qual meu pai a cavalo havia ido conferir e que os valores que possuía faltava pequena percentagem.
Lembro de o meu pai ficar em silencio, e durante a noite ter consultado a minha mãe: O que fazer? Quando resolveram entre - si emprestar os valores ao compadre, o qual deixou como garantia uma nota promissória. Eu ainda com mais de seis anos fiquei achando estranho, e discordando desta aprovação, embora pela idade achava que não podia, ou devia opinar.
Na manhã seguinte os compadres, após o café da manha se foram levando os valores em empréstimos por pouco tempo segundo suas promessas.
Os anos passaram, mudamos para outra fazenda, já também com nova roupagem, na especialização em cafezais, onde meu pai plantou 10.000 pés de café, no sistema de arrendamento, e que em 14 anos conseguiu de volta os valores para comprar as prometidas terras dos sonhos.
A minha mãe num belo dia e após uns três anos do empréstimo ao compadre Del Nero, resolvera lavar todas as camisas do guarda roupas, onde em uma delas estava à citada letra promissória, e por esquecimento esta se esvaiu na água, e o compadre nunca mais deu noticias, ja ha mais de 60 anos, e que com certeza foram perdoados pelos meus pais, que tinham a consiencia de não chorar o leite derramado.
UMA HISTORINHA DO COMPADRE DEL NERO, QUE SERVE PARA ADMINSTRAÇÃO DE FINANÇAS.
JOSÉ PEDROSO
FRUTAL, AOS 21 DE FEVEREIRO DE 2012.