“LIVRO DA TÂNIA”
O amor, segundo Fernando Andrade, “é sempre o motivo mais profícuo a inspirar os poetas.” E ao meu lado tenho Pedro, o poeta que escreveu o Livro da Tânia, em homenagem ao nosso amor. São poemas que marcam momentos importantes e dão voz ao nosso relacionamento. Costumo dizer que para amar é preciso receber amor.
“Não escrevo / Tânia / escrevo tânias / tantos são os anos / compassados //
junto as letras / o nome leve / solta o perfume / adocicado // sempre é o início /
onde os corpos se confundem / nas descobertas // no final da tarde / na tranqüilidade da casa / olho-te / como fosse o dia / do primeiro olhar entrelaçado. ”
O livro é festa que celebra o amor ao revelar o segredo de nossa vida longa e eletrizante, ao buscar na literatura o ardor da vida a dois, porque retenho o sopro do reflexo intenso das palavras, sempre presente na sombra do seu olhar, onde desvela meu sigilo e transfigura o meu olhar, dando sentido a nossa vida.
“Tua proximidade insta o corpo / cúpida razão para me fazer bonito / em perfumadas roupas de domingo / / tens a magia com que despertas o sexo / adormecido sonho de outras épocas // chega no que traz no ar: / próprio o perfume e o passo / leve gesto de longas horas // tens o murmúrio dos passados / respeitosamente aberto em espaços // tua proximidade acelera o canto / desencanta o tempo / ilumina o momento: / és deusa do começo trazes a luz / alva e alba era de chegadas // sou súdito igual que presencia / em ti a estrela e a guia / corpo de mulher desenhado ao tempo.”
O Livro da Tânia é intenso, ousado, sonhador e romântico. Pedro, com seu talento, reflete cenas que descrevem a nossa história construída com paixão, desejo e cumplicidade, ingredientes que fazem a diferença em nossa vida.
De que vale a vida sem carinho? Fascinada, encontro a desordem de dentro que vem para a ordem de fora, onde a vida se reflete na arte. Tudo o que do amor sei parece ligar o impulso que me leva à paixão no simples estar em sua companhia; o simples estar na tarde; o sorriso, o toque, a pele e o perfume. Não há pressa, apenas penso como gostaria de ficar parada como em um beijo. Assim, classifico a vida como emocionante leitura que nunca perde o encanto, na qual me permito acreditar que possa existir tal literatura, como poder transcendental do amor.
“No encontro / esqueces o tempo / conversas // teu sorriso / atravessa o tempo / em que os sérios / ficam presos // teus gestos / traduzem a beleza / com que os sinos / embelezam as torres // leve o hálito / traduzindo o corpo / composto em amores // conversas teus assuntos tantos / enquanto os olhos me procuram / como sempre estou ao teu lado.”
Defendo que o amor (o nosso amor) é exercício de vida na maneira com que – ainda - podemos romancear o mundo.