TEATRO EM CORDÉIS NA ESCOLA JOVELINA
No dia 19 de novembro de 2011, coincidentemente dia do cordelista, a convite da direção da escola, eu tive a felicidade de assistir aos espetáculos teatrais dos estudantes do Centro Educacional Professora Jovelina, em Camaragibe-PE, nos quais os alunos encenaram peças baseadas em seis cordéis, dois da poetisa Susana Morais (“As aventuras do Capitão Herculano” e “A história do caju”) e quatro de minha autoria (“Seu Lunga – Tolerância Zero”, “O Nordeste é arretado, no mundo não tem igual”, “No tempo da minha infância” e “Procurando a mulher certa”).
Foi um momento espetacular e que me trouxe muita alegria. Assistir a alunos representarem algum cordel de minha autoria sempre foi um sonho meu, mas assistir à encenação de quatro de minhas obras, sucessivamente, foi algo inimaginável.
Em suas representações, inteligentemente, os alunos, com orientações dos professores, inseriram alguns diálogos que embelezaram a forma de contar as histórias dos cordéis, dando ação à palavra rimada que, aliada à graça e dinâmica dos cenários, prenderam a atenção do público (professores e pais de alunos), do primeiro ao último verso de cada cordel.
Em “Seu Lunga – Tolerância Zero”, de três em três, os alunos representavam os personagens de cada septilha do cordel. Um era o narrador, outro era o “idiota” que fazia a pergunta burra e um terceiro era Seu Lunga, que respondia com sua tolerância zero. Tudo isso, em cenários muito bem montados que mostravam os ambientes das piadas contadas em cada septilha.
Na peça “O Nordeste é arretado, no mundo não tem igual”, os cenários eram ainda mais encantadores. Neles, alguns alunos narravam as décimas do cordel, sempre com o mote “O Nordeste é arretado no mundo não tem igual”, enquanto outros encenaram os turistas curtindo as praias do Nordeste, parte da nossa cultura popular (São João, Frevo, Maracatu, Galo da Madrugada, Timbalada e Coco de Roda), a feira de Caruaru, com sua diversidade de produtos, e as comidas típicas da nossa região. Foi tão extraordinário que, após algumas glosas declamadas, o público já repetia o refrão “O Nordeste é arretado, no mundo não tem igual”.
Encenando o cordel “No tempo da minha infância”, os atores criaram personagens de pais e mães de família, vizinhos, acompanhando o dia a dia dos filhos sempre comparando com a educação e estilo de vida do tempo de suas infâncias, isto numa prosa muito bem humorada, onde cada pai ou mãe declamava glosas do cordel.
Finalizando, foi encenado o cordel “Procurando a mulher certa”, o qual, para minha surpresa, gerou grande expectativa, pois era do conhecimento da maioria dos alunos e professores, que nele ocorreriam cenas ainda mais engraçadas e picantes. A expectativa era tanta que os atores das outras turmas, os quais já tinham apresentado suas peças, se aglomeraram na plateia, inclusive subindo nas cadeiras para ver melhor. Um aluno fez o personagem de um velho, adentrando o recinto (no meio da plateia) de bengala, sentando em uma cadeira de balanço e narrando o seu passado de cabra namorador. Simultaneamente, outro aluno representava aquele senhor na sua mocidade, encenando cada passagem dos versos declamados pelo velho. O “jovem” frequentava bares, bailes e cabarés “procurando a mulher certa”, tudo isso, em cenários excepcionalmente montados onde as moças e os rapazes representavam as prostitutas, gays e homens frequentadores dos cabarés. Além de bonito, foi um espetáculo muito engraçado que levou a plateia ao delírio.
Parabéns e meus agradecimentos à diretora, às coordenadoras, aos professores e todos os alunos da Escola Professora Jovelina pelo maravilhoso presente do dia dos cordelistas.