Reinvente a beleza: a ponte

“Uma ponte/ uma história // recortes de tempo / suspensos pontos /

marcam o imaginário...//: aqui somos passagens....” (Carmen Presotto)

A ponte reinventa a beleza em suas formas espetaculares de tons intensos, dando significado ao que nos faz sentir livres. Ela reinventa o homem e o leva ao questionamento após a passagem na sensação específica das necessidades de cada um.

A ponte conquista o lugar, o espaço ao ser frequentada e, ainda, favorece a busca de um novo olhar. É preciso ter consciência de que não existe ponte sem que se vejam os sinais que ela oferece, como o relacionamento que atravessa momentos decisivos e deixa claro qual a direção a seguir. Reconhecemos, por exemplo, esses valores nos filmes, “As Pontes de Madison” (uma história de amor) e na “Ponte para Terabítia” (emocionante aventura). Com ousadia cruzamos a ponte e, como conquista, temos a visão de dois pontos, um une futuros e o outro implanta simbolicamente parcerias: sentimentos e palavras, como em Pedro Du Bois: “Vivemos entre pontes, / saltando rios e lagoas //.. sobre pontes majestosas,/ nossos sonhos se apresentam...”

Acredito que ao admirarmos a ponte, temos a oportunidade de fazer a relação com os poetas em suas inspirações, porque utilizamos a emoção que passa a fazer parte das nossas vidas e transforma o gosto pela liberdade na maneira de encarar o desafio de ir e vir, sempre medindo nossas forças.

“Da corda e da pedra / A beira da ponte /

Imensidão de temeridade / E tenra idade...” (Eduardo Barbosa)

Ao garantir a passagem com elevada tolerância na incerteza, podemos viver do indefinido e acreditar que atravessamos a vida como algo inevitável: a ponte entre o conhecimento e a fragmentação do ser humano.

Como disse o poeta Mário Quintana, “ora bolas...”, as pessoas em geral gostam do que fazem e colocam o sentimento como fonte de suas vidas; logo, a ponte que significa união, traz como símbolo novos valores: a liberdade de ir e vir a bel prazer, onde a cultura e o conhecimento fazem a diferença, favorecendo a vida do homem no que é indispensável, como o eixo da ponte.

“Herr Allesweisser fez um castelo de livros e, sem delongas, instalou-se nele; ponta a ponta, foi lendo sua casa e, lendo, sentia-se feliz. Um dia de tanto ler paredes e pilares, o castelo ruiu; e Herr achou-se soterrado sob sua cultura e viu-se nu, com fome, sede, exposto à bruta crueza do Mundo. Hoje, Herr Allesweisser é um sem abrigo e vive debaixo da ponte...”

A ponte liga vários mundos e metaforicamente incentiva as atitudes, como as de trafegar no indevido tempo. Ela demostra ser protagonista da vida e autora de si mesma, ao oferecer o caminho e permitir ser o lugar dos sem lugares e também gerar reflexão sobre não haver respostas prontas: é preciso reinventar a beleza.