AS ALICES: Brueggemann e Soares
Alice Brueggemann e Alice Soares, quem são? São duas personalidades que se destacaram a partir dos anos cinqüenta no cenário da pintura e do desenho, lado a lado. Foram duas Alices que com muitas afinidades completaram trinta anos de convivência artística num mesmo ateliê.
Em 1957, resolveram montar um ateliê, denominado pelo pintor Ado Malagoli de “Aliciano”. Naquela época, em Porto Alegre, não havia galerias de arte e tão pouco os trabalhos eram comercializados; daí surgiu a necessidade de se agruparem, passando assim a conviver com uma nova perspectiva.
Alice Soares se encaminhou para o desenho em crayon e pastéis. Seu tema foi sempre a “criança universal”. Ela as retratou revelando a sua preocupação com a figura da criança. Soares achou a síntese no desenho com força expressiva e pela maturidade alcançada. Seus desenhos parecem seres vivos, porém, não são retratos, mas, sim, vindos do pensamento e de muitos ensaios.
Alice Brueggemann se dedicou à pintura a óleo com figuras humanas, paisagens e naturezas mortas. Pintava vários quadros ao mesmo tempo e nunca pensava na cor em si, mas, quando limpava os pincéis, no final da obra, aí sim, verificava a predominância do verde. Ao olhar a sua obra, dizia: “Sou extremamente irrequieta e no meu trabalho vejo uma tranqüilidade que não sei de onde vem. Quem vê, parece uma planta.” Sua filosofia foi de sempre estar “fazendo” quadros, mantendo a emoção e os sentidos em ação. Tinha por lema sempre recomeçar, mesmo com as dificuldades e as guerras que envolvem o ato de criar.
Ado Malagoli revelou: “Refiro-me as duas Alices, a Soares e a Brueggemann. Seu movimento artístico no nosso Estado (RS) possui características originais, com vida espiritual e processos próprios de desenvolvimento; muito se deve ao ateliê aliciano. Outros valores consagraram como um recanto de desenvolvimento artístico e cultural, freqüentado, como sempre foi por artistas e intelectuais... De futuro, a crítica saberá, por certo, enumerar todas as fases do desenvolvimento porque passou o ateliê das duas Alices, que enriqueceram sobremaneira a cultura artística do nosso Estado (RS)”.
As Alices surpreenderam-nos com suas imaginações, de onde trouxeram seus sonhos, suas inspirações na pintura e no desenho. Essa surpresa impôs às telas a força das Alices e, através da beleza de suas obras, que expressam emoção e sensibilidade, encontramos prazer espiritual.
As Alices ultrapassaram fronteiras e hoje suas obras são encontradas nas galerias e nos museus de artes plásticas de todo o Brasil.