A PALAVRA DIZ OU SUGERE

Esse é o segredo da Prosa: dizer claramente ao leitor o que se quer passar, o que se aborda ou sobre o que se fala... Com a Poesia é totalmente o contrário: nunca se diz abertamente, e, sim, sugere-se... E que o eventual receptor descubra o que o autor propõe em cada verso, até chegar ao conteúdo total do poema. Portanto, POESIA não diz, apenas sugere. Na prosa rasa, ortodoxa, como no artigo, na crônica, no conto, no ensaio, a utilização da linguagem é no sentido DENOTATIVO. Existe, também, a PROSA POÉTICA, que é um gênero híbrido, em cujo texto miscigenam-se o “dizer algo claramente” e o “sugerir alguma coisa para ser entendido algo que é incomum”. Na Poesia, utiliza-se o sentido CONOTATIVO, caracterizado pela figuração da linguagem, geralmente utilizando-se a METÁFORA. E esta também ocorre, com menor utilização, na Prosa Poética. Fica compreensível, então, que, em Poesia, a linguagem é codificada. Ou seja, fica difícil entendê-la de imediato: há que se pensar sobre o que está mostrado aos nossos olhos e ouvidos, para poder compreender o texto e sua eventual destinação. Porém, não há lógica que a explique de pronto. Se lermos um texto pela primeira vez e, ao terminar a leitura, entendermos tudo, seguramente não estamos sendo apresentados a um exemplar em linguagem poética... O estudioso sabe que – na hipótese aventada – trata-se de um espécime textual lavrado em Prosa. A linguagem poética é naturalmente hermética. Vem daí o mistério das entrelinhas, propondo sensações inusitadas como a ESTRANHEZA e o ALUMBRAMENTO...

– Do livro PALAVRA & DIVERSIDADE, 2011.

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/3344176