Ratazanas!

Ratazanas! Mil vezes ratazanas! Isso é o que são aqueles que aproveitam da desgraça alheia para ao púlpito do poder o estrelato não só alcançar, mas também de se mais enricar. A esses camuflados de bons samaritanos, que às caudas faiscantes das ilusórias vaidades, o meu dual sentimento igualmente desejo: pena e desprezo. Pena por surrupiar e matar milhões de pessoas, que sob o holocausto da fome, aos poucos sequer se esmorecem de um mínimo de compaixão e dignidade. Desprezo por invocar tamanha bestialidade em prol de uma vil e efêmera materialidade, deixando à deriva a moléstia da aborrecível ganância ao mar dessa lunática e inumana crueldade...

Isso sem falar nos arroubos da prepotência quando nos esgotos da própria existência não se lhes ao mesmo tempo dizimassem, qual cinza fumegante à brasa o ódio ardentemente suspira e vulcanicamente ao léu o veneno a terceiros com uma descomunal força transpira. Na leva o vírus letal da discórdia ainda herdam aos filhos do hoje e aos do amanhã a fealdade desses doentios feitos outrora convulsionados, como se as medalhas de suas falcatruas brilhassem no arrebol da eternidade, deixando às vestes daquela lunática e aviltante prosperidade um rastro de extrema perplexidade...

Junto a eles a passos lentos seguem os adeptos e misantropos murganhos que pelas vielas íngremes desta parca vida andam repetindo os mesmos e desajeitados versos achando que ludibriam a todos com seus emporcalhados discursos, como se as mesmas campesinas rimas entoassem igualmente a mais nobre de todas as realidades: - a de que os seus homéricos, horrendos e desafortunados feitos serão aos pósteros para sempre lembrados...

Não bastassem ainda os empobrecidos cordéis de cujas promessas, às querelas de uma cínica arenga, ainda tentam não só avivar as almas já combalidas pelo desdenho dessa desenfreada promessa, mas também ainda procuram de todos os meios subornarem os incorruptíveis emissários do bem com aqueles lúgubres cantos, como as corujas em pleno oceano da madrugada às serestas de um mau agouro umas juras de amores enganosamente às eternais esferas loquazmente pipitariam...

Um basta a esses bastardos inglórios devemos dar... Pois se um réquiem não for suficiente para afastá-los, não se preocupem, oh filhos da honestidade, porque, à sombra de seus finados dias, a Praça da Igualdade lembrá-los-ão com aquele portão macilento, semi-aberto, desengonçado e ‘inté’, por deveras, sorrindo... – O que diria a doentia e revolvida terra à cova quando à empedernida e nauseabunda carcaça encobrir?... Às altas esferas à pergunta completo e mo finalizo com outra: - E os nãos ‘presentes’?... Simplesmente aos quatros ventos uníssonos à trombeta apocalíptica a verdade entoar-se-ia: ...eis aí mais um canalha que à eternal fornalha ao inferno com violência irá se estrebuchar...

Até lá pagarei para ver ante o espelho dessa enorme heresia o reflexo de tão formosa e hilariante hipocrisia, em que tal castelo de areia haverá de num só dia derruir-se ao vendaval divino... Sorrirei quando tais ratos-coró e os seus confrades camundongos ao pedestal da audácia o próprio afadigo cabisbaixos às pressas às tocas retornarem arrependidos e assim poder, de pé, aplaudir o fumarento veneno espargir pela necrosada tubulação... E que o inverno rigoroso da terceira idade a si em trôpegos passos chegue, para que esse augusto instante em torno dessa boca-de-lobo, como a um caldeirão de enxofre, sem alardes, possa cozê-los sem dó nem piedade...

Pálido poeta
Enviado por Pálido poeta em 22/10/2011
Reeditado em 23/10/2011
Código do texto: T3292356
Classificação de conteúdo: seguro