De quem é a frase? Gosto muito de ler notas ou artigos que falam da origem das palavras ou expressões da língua portuguesa. Tenho, mesmo, entre meus livros, dois sobre o assunto: “A origem curiosa das palavras”, de Márcio Bueno e “A vida íntima das frases”, de Dionísio Silva. Deste último escolhi uma frase, repetida e cantada por muita gente, que nem desconfia de onde ela veio. Como eu, antes dessa consulta.
       
   A frase escolhida foi: “navegar é preciso, viver não é preciso”. Creio que começou a ser divulgada entre nós, a partir do fado “O argonauta”, de Caetano Veloso. Veloso teria dito que lera a frase em Fernando Pessoa. Daí a simplificação popular: o verso é de Caetano; ou da afirmação erudita, o verso é de Pessoa.


          Eu que não sou nem popular nem erudito, digo que a frase não é nem de um, nem do outro. É do general romano, Pompeu (106 aC.- 48 d.C), que “para persuadir marinheiros a zarpar com os navios carregados de alimentos, mesmo no meio a uma tempestade, porque havia muita fome em Roma” dizia: “Navigare necesse, vivere non necesse”.Mais adiante soube que a frase não é de nenhum dos três, mas comumente usada pelos gregos antigos.

          Eu a modificaria se tivesse que invocá-la. Diria assim: Navegar é necessário, mas viver é que é preciso.

 
Alberto Soeiro
Enviado por Alberto Soeiro em 08/10/2011
Reeditado em 08/10/2011
Código do texto: T3264551