NEOLOGISMO

Em nosso moderno mundo globalizado, a língua reflete a busca frenética das pessoas por novidade, evoluindo rapidamente, introduzindo novos termos, deixando de usar alguns, dando novos sentidos a termos já existentes e criando formas peculiares de comunicação entre as pessoas nos quatro cantos da terra.

Todo novo termo recebe o nome de NEOLOGISMO, termo híbrido composto por um radical proveniente do latim NEO (nova) e LOGOS (palavra) do grego, significando, então, PALAVRA NOVA ou, de acordo com COUTINHO (1972), são palavras ou expressões novas que se introduzem ou tentam introduzir-se na língua. COUTINHO considera, ainda, que o neologismo é benéfico, traz riqueza à língua e que eles surgem para satisfazer a uma necessidade da língua, designando objetos, expressando ideias ou matizes de uma ideia que careçam de palavra apropriada para serem significadas.

Segundo CARVALHO (1987), o neologismo pode ser CONCEITUAL ou FORMAL.

O NEOLOGISMO CONCEITUAL ou semântico resulta em economia para a língua porque ele utiliza de palavras já dicionarizadas dando-lhe novo significado. Usado na lingua falada e ou escrita através das figuras de linguagem como, por exemplo, na metáfora e na metonímia como em “Meu namorado é um gato!” e “Leio Cecília Meireles.” Entretanto, há usos que não são metafóricos e levam à formação de interessantes neologismos sintáticos como, por exemplo, “Guardei as fotos na memória do computador” ou “Fiquei em casa e naveguei o dia inteiro.”ou “A fazenda possui créditos de carbono.”

Já o NEOLOGISMO FORMAL é a criação de palavras novas que ainda não constam no léxico e não foram dicionarizadas.

Os processos de formação de neologismos são os mesmos usados para a formação das palavras, ou seja, derivação, composição, abreviação, onomatopeia e, somados a esses vêm os empréstimos estrangeiros, as siglas e as gírias.

Estão os neologismos muito frequentes na atualidade e estão ligados aos avanços tecnológicos (digitalizar, virtual, videoconferência), às inovações nos setores de telecomunicações (torpedo, celular), à informática (deletar, memória RAM, lincar), ao meio científico (georreferenciar, nanotecnologia, biogás), de modo geral, mas, também são criados e reproduzidos pela população em seu cotidiano, por atletas, por jornalistas, por atores e escritores, por crianças, jovens e adultos.

Muito criativos e até divertidos são os neologismos na literatura porque são subjetivos, expressam a visão de mundo e criatividade do escritor como é o caso do verbo "teadorar" criado por Manuel Bandeira.

Já os novos termos técnicos são necessários e úteis necessitando de critérios de criação que facilitem o reconhecimento imediato do mesmo a fim de que seja assimilado, facilmente, pelo maior número de pessoas em todo o mundo. Com essa finalidade são usados, por muitos países, os radicais gregos e latinos na formação de seus neologismos técnicos, como exemplo tem o georreferenciamento no português, geotagging no inglês e georreferenciamiento em espanhol.

Existem, em grande variedade e volume, os neologismos por empréstimo estrangeiro, graças, principalmente, à globalização, termo que já foi um neologismo, e significa, segundo o dicionário Aurélio: processo de integração entre as economias e sociedades dos vários países, especialmente no que se refere à produção de mercadorias e serviços, aos mercados financeiros e à difusão de informações. Por esse e outros motivos há no português, termos oriundos de diversas nações. A principal fonte de estrangeirismo no Brasil são os Estados Unidos (escanear, caubói, motoboy), outros vêm do Japão (mangá, haikai), da China (ying e yang, taoísmo), da França (abajur, menu), da Itália (tuti fruti, milanesa), além de vocábulos oriundos da Espanha, de toda a América latina (castanhola, mano, zorrilho), dentre outros.

As siglas vêm para facilitar a fala e a escrita reduzindo a uma sigla os grandes nomes de instituições (IBGE, ONU), as novas tecnologias (RADAR, GPS, GVT, LASER), os nomes de partidos políticos (PT, PSB) e, podemos citar o internetês que é a linguagem toda siglada dos jovens nas redes sociais como messenger, facebook, orkut dentre outras.

As abreviaturas, no uso da lei do menor esforço, fazem com que digamos zoo, niver, profe, no lugar de Zoológico, aniversário e professora.

As gírias estão ligadas a grupos de pessoas, ou seja no aspecto diatópico, diastrático ou diafásico, sendo usadas em todos os setores da sociedade. Quando a gíria tem relação com a área de atuação profissional pode ser denominada jargão. Em alguns casos as gírias servem para dissimular ou camuflar as intenções ou forma de ser de tribos específicas, ou apenas para delimitar a mesma; é da tribo quem conhece os signos e sua forma exclusiva de comunicação.

O sistema capitalista, o incentivo ao consumo exagerado, leva as empresas a oferecerem novos produtos todos os dias, junto a eles vêm novos vocábulos e um potencial enorme para os neologismos, pois, novos substantivos levam à criação de novos verbos e ou novos adjetivos; novas tecnologias levam à criação de siglas, de abreviaturas; novos fenômenos levam à formaçao de gírias ou a neologismos semânticos; como exemplo temos o “el niño” que traduzido para o portugues seria “o menino”, porém quando se fala em el niño as pessoas se lembram do Fenômeno climático provocado pelo aquecimento anormal das águas do Pacífico que provoca inúmeros transtornos no clima das regiões onde ele ocorre, e não de um menino.

São criados ao longo dos anos e ao sabor dos acontecimentos um sem número de termos novos gerando verdadeira revolução na língua, e criando interessantes neologismos formais, semânticos e sintáticos. Esses novos termos, em primeira instância, confundem o cidadão comum. Porém, com a repetição, com a escrita e a divulgação pela imprensa e ou redes sociais as pessoas passam a compreendê-los e a usá-los.

Na sequência, sendo o vocábulo aceito e reconhecido, ele passará para o processo de dicionarização, quando, então, deixará de ser um neologismo.

Entenda que o caráter neológico de um vocábulo vai progressivamente regredindo à medida que seu emprego aumenta. A sua aceitabilidade pelo grupo social determinará a sua permanência ou não. Nota-se, aqui, sua transitoriedade enquanto neologismo, pois, se aceito, passará a fazer parte do léxico, sendo dicionarizado e deixando, portanto, de ser um NEOLOGISMO ou, caso contrário, seu uso irá diminuindo e cairá gradativamente no esquecimento.

Pelo exposto acima é possível perceber que a língua está sempre em movimento; que assim como a sociedade evolui a língua também evolui descartando o que não serve mais e criando e recriando novas formas de expressão. A língua é viva e se renova constantemente. O processo é lento, por isso costuma passar despercebido. Entretanto, neste século, o século XXI, esse processo está em ritmo acelerado e só não vê quem não quer. É perceptível, quase palpável. A língua portuguesa está mais viva do que nunca!

MARIA AUXILIADORA DIAS DA SILVA

REFERÊNCIAS

CARVALHO, Nelly. O que é neologismo. 2ª edição, 1987, Ed. Brasiliense, São Paulo, SP.

COUTINHO, Ismael de Lima. Pontos de Gramática Histórica. 6ª edição revisada, 1972, Ed. Livraria Acadêmica, Rio de Janeiro, RJ.

http://educacao.uol.com.br/portugues/formacao_palavras.jhtm - acesso em 17 de agosto de 2011

http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1706u1.jhtm - acesso em 17 de agosto de 2011

http://www.brasilescola.com/geografia/el-nino.htm - acesso em 17 de agosto de 2011

http://pt.wikipedia.org – acesso em 18 de agosto de 2011

DoraSilva
Enviado por DoraSilva em 29/09/2011
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