Desilusão

Na hora do adeus, uma gélida brisa o último fiapo de esperança nos confins da eternidade fê-lo perder... Um triste amargor o semblante outrora alegre hoje toma conta... Suspiros agonizantes dos lábios à atmosfera retinem palpitantes... Lágrimas ensandecidas pelo enfraquecido tórax asperamente escorrem esquecidas... À demência momentânea se entrega... Risos vandálicos ao largo se ouvem... Medonhas vertigens às retinas se petrificam... Assombrosas verdades à tona como as ondas furiosas de um mar revolto tudo devasta... Bravias lutas impostas a já combalida matéria às margens da existência tentam devolver-lhe à insana glória... Em vão ao céu o troféu da derrota consegue do estelar pedestal soerguê-lo... Restá-lo somente a frialdade de uma mordaz e cruel trajetória...

Uma dorida interrogação ao vazio solfeja: oh, virgem dos errantes sonhos, por que ousastes afrontar as leis dos intrincados amores? Cala-se o lúgubre sopro à mordaça de um abjeto e daltônico destino... Mil e uma conjecturas a si o cérebro enfebrecido à mesa da amargura com indecência despejava... Do umbro horizonte umas negras cortinas tais filmagens ao coadjuvante do mortal combate horripilantes às imagens do presente se desnudavam: cenários sangrentos que dos altos céus a espada da desilusão à arena da humilhação o corpo insurjo e ferido às hienas da negação era esquartejado, como que impiedosamente trespassado pelos talhantes caninos daquela grotesca e enorme brutalidade...

O espírito se convalescia à tamanha dor e, inerte, de longe semimorto assistia do anfiteatro ao inferno discrepante: - felino gladiador que à arena da emoção à sulfídrica razão de joelho quedava sangrando... Moribunda a matéria às chamas da inquisição fetidamente crepitava borbulhando... Abutres ao banquete final os restos cadavéricos ansiosos do cume das romenas muralhas suspiravam sonhando...

Do juízo final, prodigiosos favos de luz a alma entorpecida pelos desatinos da sôfrega antecipação à área dos conflitos as ungia tentando avivá-la... Recobra-se do pesadelo o espírito milagrosamente da arquibancada... Une-se ao corpóreo ser... Rasga ao meio o véu sombrio da intemperança e, às pressas, retorna à plácida vida bem mais forte do que antes...

Pálido poeta
Enviado por Pálido poeta em 26/09/2011
Reeditado em 26/09/2011
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