Reflexões sobre o signo linguístico

Quando não estudamos linguística nosso pensamento a cerca dos fenômenos da linguagem passa por nós de forma muito passiva. A exemplo disso se tem a noção de "arbitrariedade do signo linguístico", que a priori parece-nos um tanto absurda, pelo fato de nunca termos parado para pensar nos eventos linguísticos. Nós como falantes envoltos no uso não paramos para fazer uma reflexão profunda da 'nossa linguagem'. E fazemos isso pelo fato de sermos simples usuários e não filósofos da estilística...

Para entendermos a noção de arbitrariedade do signo linguístico temos que entender primeiramente como se organiza o signo linguístico, pois como nos aponta o saudoso Saussure (1989) que: a arbitrariedade é uma das características 'primordiais' na noção do signo (a outra é o caráter linear do signo).

O evento do "signo linguístico" é um fator primordial na distinção do gênero humano aos demais. Benveniste (1988) nos aponta que os animais compreendem o sinal, mas não o signo, ou seja, compreendem um fato natural, como por exemplo, a chuva, mas não a representação desse fenômeno da natureza de forma gráfica como os seres humanos.

Ao traçar estas afirmações podemos nos questionar: como se organiza o signo linguístico de tal forma a unir ideias e conceitos? unindo a grafia e a representação do tipo? Daí está à noção de signo linguístico.

A esta noção na ótica de Saussure (op. cit.) surge da união de um conceito a uma imagem acústica, ou seja, a ideia chuva (tomando o exemplo à cima) mais a 'impressão psíquica que temos dessa palavra', assim sendo vemos, a forma de pronunciá-la em seus diversos conceitos de uso, que remeterá a vários tipos de pronúncia da ideia de chuva.

Parece fazer sentido, mas logo se faz contraditório, pois: que ligação há ente a palavra chuva e o próprio evento natural da chuva? Observando de forma detida não há nenhuma motivação entre ambos, o que torna o signo linguístico arbitrário.

Uma das provas que identificam a arbitrariedade do signo é o que Saussure (op. cit.) nos afirma que cada língua dispõe um significante para cada significado. Exemplificando: chuva (português); rain (inglês); lluvia (espanhol); la pluie (francês). Ambas indicam o mesmo fenômeno, mas são grafadas conforme sua comunidade de fala.

Essa discussão não se esgota por aqui, mas os demais desdobramentos são assuntos para outra prosa...

Referências Bibliográficas:

BENVENISTE, Émile. Problemas de linguística geral I. Campinas: Pontes, 1988.

SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 1989.

Olavo Barreto
Enviado por Olavo Barreto em 07/09/2011
Código do texto: T3206822
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