A caverna
Dias passados, subia o elevador do Edifício três Poderes, quando fiquei imaginando, se porventura este parasse de funcionar no meio do trajeto. Um friozinho na barriga só de pensar. Às vezes torna comum ficarmos presos em um banheiro, cujas fechaduras não funcionem bem e ficarmos momentaneamente em panes até solucionarmos o problema.
Fazendo um translado para nossa vida diária, sobre o assunto acima evidenciado, poderemos analisá-la por dois ângulos: O primeiro é que podemos vive-la como estivéssemos num paraíso. Estar se auto elevando espiritualmente com as belezas naturais, as auroras das manhas, o cantar dos pássaros..., as artes, a musica, sonhos por uma vida cada vez melhor e alegrando com o nosso labor diario. Em segundo lugar há muitas pessoas, que não tem estas facilidades, se curvam por mínimos solavancos, vivendo deprimidos e tristes. Há muitas pessoas na flor da idade, que se encontram amarradas a estes dogmas e presas em quartos, em banheiros horas, dias, meses e anos a fio, tentando limpar com a água estes sentimentos da alma, oxalá em vão, se não despertarem, pela Verdade e a força do Pai Maior. Muitas vezes ficam aprisionados por idéias próprias, magoas infundadas e outras aprisionados por sentimentos negativos e falta de perdão, ou falta de sonhos ou alguma indiferença sofrida. A qual destes caminhos você esta andando?
A seguir passo aos queridos leitores o assunto de outra caverna que copilei do Jornal “Correio da Região, como segue:
Seis homens ficaram bloqueados numa caverna por uma avalanche de neve. Teriam que esperar até o amanhecer para poderem receber socorro. Cada um deles trazia um pouco de lenha e havia uma pequena fogueira ao redor da qual eles se aqueciam. Se o fogo apagasse – eles sabiam -, todos morreriam de frio antes que o dia chegasse. Chegou a hora de cada um colocar sua lenha na fogueira. Era a única maneira de sobreviver.
O primeiro homem era um racista. Ele olhou demoradamente para os outros cinco e descobriu que um deles tinha a pele escura. Então ele raciocinou consigo mesmo:
“Aquele negro! Jamais darei minha lenha para aquecer um negro”. E guardou, protegendo-a dos olhares do demais.
O segundo homem era um rico avarento. Ele estava ali porque esperava receber os juros de uma divida. Olhou ao redor e viu no circulo em torno do fogo, um homem da montanha, que trazia sua pobreza no aspecto do semblante e nas roupas velhas e remendadas. Ele fez as contas do valor de sua lenha e enquanto mentalmente sonhava com o seu lucro, pensou:
“Eu? Dar a minha lenha para aquecer um preguiçoso?”. E reservou-a.
O terceiro homem era um negro. Seus olhos faiscavam de ira e ressentimento. Não havia qualquer sinal de perdão ou mesmo aquela superioridade moral que o sofrimento ensina. Seu pensamento era muito pratico:
“É bem provável que eu precise desta lenha para me defender. Alem disso, eu jamais eu daria a minha lenha para salvar aqueles que me oprimem.” E guardou sua lenha com cuidando.
O quarto homem era um pobre da montanha. Ele conhecia mais do que os outros os caminhos, os perigos e os segredos da neve. Ele pensou:
“Esta nevasca pode durar vários dias. Vou guardar a minha lenha.”
O quinto homem parecia alheio a tudo. Era um sonhador. Olhando fixamente para as brasas. Nem passou por sua cabeça oferecer da lenha que carregava. Ele estava preocupado demais com suas próprias visões (ou alucinações?) para pensar em ser útil.
O ultimo homem trazia, nos vincos na testa e nas palmas calosas das mãos, os sinais de uma vida de trabalho. Seu raciocínio era curto e rápido:
“Esta lenha é minha. Custou meu trabalho. Não darei a ninguém, nem o menor de meus gravetos.”
Com esses pensamentos os seis homens permaneciam imóveis. A ultima brasa da fogueira se cobriu de cinzas e finalmente se apagou. Ao alvorecer do dia, quando os homens do Socorro chegaram à caverna, encontraram seis mortos congelados, cada qual segurando um feixe de lenha. Olhando para aquele triste quadro, o chefe da equipe de Socorro disse: “O frio que os matou não foi o de fora, mas o frio que veio de dentro”.
José Pedroso
Embora que considero “dias dos Pais”, TODOS OS DIAS.
Feliz dia dos pais a todos.
Frutal, aos 14 de agosto de 2011