"QUASE..." ESTE É O FIM DAS COISAS?

“QUASE...” ESTE É O FIM DAS COISAS?

Estive pensando sobre a observação de uma amiga sobre o “Quase das coisas acontecidas”, quando me enviou um comentário por email que dizia sobre, "quase um dia foi assim", como sendo isto uma experiência angustiante para aqueles que já a vivenciaram ou pensam sobre ela. Imediatamente refleti e vi que quando um “quase” é o fim das coisas, surgem conflitos de forte impacto a nossa existência. Então eu me perguntei: Um "quase" é pior do que um nada? Se a resposta for sim, então, um “quase” é mais letal ao orgulho humano do que um ‘não acertar o alvo’, do que um ‘não cumprir com as metas’, do que um ‘não ser o melhor’, do que um ‘não poder amar ou perdoar’, e, do que um ‘não ter domínio sobre algo ou mesmo, não lhe possuir’. Compreendi diante do meu pensamento, que um "quase", de fato, é angustiante. Continuei a pensar e disse para mim mesmo: Imagine se Deus "quase" tivesse terminado a Sua criação, o que existiria? E, se a mulher tivesse "quase" existido, o que seria a vida do homem? Provavelmente, seria uma vida de extrema solidão; vida incompleta por não existir o seu consolo nas noites de trapo; vida de indecisões por não poder ouvir a voz do sentimento na consolidação de suas idéias. Pensei mais um pouco: Imaginei se eu ou o outro, se por alguma razão tivéssemos "quase" nascido! O que seria à continuidade da vida à história construída? Então eu disse: Um "quase" nunca significará um possível, e por isso será sempre motivo de angustia. Um “quase” é frustrante! Agora, pensem comigo: É alucinante saber que “quase” as forças aliadas mataram Hitler e, se tivessem conseguido, possivelmente, teriam evitado tantas mortes inocentes ao longo da Segunda Guerra Mundial. É preocupante saber das nossas autoridades, que as drogas são “quase” controladas, e por isso, cresce a cada dia o número de usuários, de forma, que nossas crianças estão à mercê do craque, maconha e tantas outras, estando assim, jogadas aos olhos dos traficantes e, algumas, já sendo dominadas pelo vício. É triste saber que o piloto do avião da TAM, ao descer em Congonhas, “quase” conseguiu fazê-lo com segurança, onde se o tivesse não teriam morrido tantas pessoas. É deprimente e irritante saber que a política nacional anda “quase” sem homens públicos merecedores de credibilidade, já que a nação vivencia tantos escândalos por causa da corrupção dos poderes em sua incapacidade de viver uma moral séria. Um “quase” não produz um fim proveitoso, pois indica um “quase” ser capaz de fazer a coisa certa, indica que um cidadão “quase” pode cumprir com as suas obrigações com a família, indica um “Quase” tomamos decisões de proveito ao bem, em não matar, roubar, ser egoísta... Descumpridor das básicas da vida! Um “Quase” ainda pode indicar o quando o sujeito poderia ter conseguido evitar beber o primeiro copo quando está dirigindo e assim não provocar acidentes; e finalmente, diríamos também que indica um “quase” os pedófilos conseguirem controlar os desejos carnais e evitar o abuso sexual a crianças. Um “quase”, de tão pequeno por tão pouco não chega à realização de um possível. O que poderíamos pensar ainda sobre isso? Que um “Quase” não seja nossa desculpa aos erros, que ele não seja nossa punição ao fracasso, e que ele, um “Quase”, não seja o único resultado de vida em toda a nossa existência.

Ricardo Davis Duarte

Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil

Professor de Filosofia do ISES de Salgueiro