Romancista Nikkey ganha o prêmio Benvirá

Deve ser algo inédito um nikkey abocanhar o primeiro lugar como romancista, num concurso com 1932 inscrições. Seu nome, Oscar Nakasato, de Paraná, vencedor do Prêmio Benvirá de Literatura do ano passado, no valor de R$30 mil, com o romance Hihonjin, ora editado. Apesar de premiado inúmeras vezes, seu nome ficou restrito ao estado onde mora. Possui Doutorado em Literatura pela UNESP de Assis e leciona na Universidade Federal, Campus de Apucarana. Tem parentesco com o clã Yasunaga, cujo patriarca, Tadakuni, mora em Promissão, mas a família possui ramificação em todo o Brasil. Se cada um deles adquirir um exemplar, a edição se esgotará, dizem os mais chegados.

Em decorrência do centenário da imigração, foram editadas dezenas de obras sobre o tema. Mas ficção, creio ser a primeira. Há evidentemente o Haru e Natsu, mas de autora japonesa, vertida para o português após o sucesso na tevê. Nihonjin ganha pela linguagem enxuta e pelo estilo. Ambos narram a saga da comunidade japonesa, desde a sua chegada até o pós-guerra com a questão sobre a sua divisão em duas facções. Traz à tona velhos costumes que os da nova geração não terão mais oportunidade de ver, exceto em filmes, como, por exemplo, a cerimônia do casamento quando é entoada a canção Takasa, em estilo de naniwá-bushi.(canto à capela), com voz grave. Só mesmos os idosos para saberem o significado. Assisti o cerimonial no estilo japonês somente uma ou duas vezes há mais de cinqüenta anos. Com aquele peixe –pargo – tai, vermelho, assado, na frente dos noivos, para dar sorte. O sakázuki, degustação de sakê pelos noivos, com tacinhas. Era preciso beber nove, prometendo lealdade . Por isso, chamavam a cerimônia de san san kudô (três vezes três, nove).

Só tenho dúvidas se o ocidental vai adquirir o livro. O título foi um tanto infeliz. É atrativo somente para os nikkeys. E nikkeys que adquirem livros, principalmente romances, são muito pouco.

Até propus realizar uma sessão de autógrafos durante o Brasileir]ao de Karaokê no fim de julho, quando cerca de três mil nikkeys vão estar em Lins. Mas a editora não se interessou.