O túnel do tempo e as injustiças sociais
Aprendemos que para o bom viver, principalmente saudavelmente, felizes e prósperos há de haver a condição “sine qua non”, de viver alegremente e feliz. Estar renascendo, despertando diariamente para uma nova Vida. Não é renascer como pensara Nicodemos, quando interpelara Jesus, mas o despertar espiritual como reafirma o Budismo ou o arrependimento explicito no Cristianismo. Tornamos conhecedores também como acessórios e complementos para uma vida mais feliz. Haveremos de praticar atos de bondade, dentro das práticas caritativas e, pelo menos um por dia, lembrando que pode até serem coisas simples como: cumprimentar alguém com um entusiástico bom dia, ajudar alguém, por exemplo, um idoso a atravessar a rua... E também estar se instruindo, lendo bons livros, indo constantemente à igreja, pelo menos uma vez por semana, um local de recarregamento de energias positivas. Como disse o ditado popular: “local onde reavivamos nossas brasas”.
Por falar do dom em estar fazendo ou proporcionado algo ou atos que venham a beneficiar o maior número de pessoas, me propus através da instituição que liderei e ajudei a fundar desde os princípios dos anos 80, a proposta, o projeto, a ideia de criar em Frutal/MG uma faculdade. Senti na pele a dificuldade que passei quando criança, já ajudando os pais nas lides agrícolas, e nos primeiros anos escolares não havia material didático para estudo, tendo somente os materiais escolares e uma Bíblia, e eu usava revistas antigas que ganhávamos e os jornais que serviam de embrulho de carne. Já morando em Frutal, como empresário e vendo as dificuldades dos alunos frutalenses, em número bastante avantajado, tomar ônibus, no vai e vem às cidades da região como Barretos, São José do Rio Preto e Uberlândia, voltando altas horas e até nas madrugadas. Filhos tendo que ir morar fora, dificultando as famílias com aumento de gastos. Por dez anos insisti com todo vigor neste projeto. Nas instituições as proposta são jogadas, poucas vão para frente, indo as de maior soma de benesses que possam oferecer à comunidade. Não deixando de reafirmar que, mesmo não havendo interesse, ficando como descartadas materialmente, se for um interesse justo, espiritualmente não é descartado, continuam, formando “corpúsculos espirituais”, se juntando a outras, já existentes na imensidão do Universo e acabam se frutificando em algum lugar. As propostas se forem realmente de cunho interessante, devem, quando notar desinteresse da assembleia, estar sempre sendo relembradas, relembradas, relembradas, com muita ação e perseverança. Foi o que fiz por dez anos. Milhares de correspondências, viagens às cidades onde apresentava interesse no nosso projeto, insistência e, por fim se tornou realidade, com mais operários vindos somar com aval de todos e também da sociedade. Eis a faculdade UNIUBE funcionando, com diversas turmas diplomadas, profissionais atuando na região e pelo país afora. Houve declínio, houve retomada, soma de políticos e enfim, a estadualização, o progresso.
Passaram-se 21 anos, o projeto vigorou e temos hoje uma universidade estadual com aproximadamente 1500 alunos. Um fato histórico para a sociedade e alavanca de progresso para o município, a região e o pais. Frutal já não é mais aquela. E como naquele filme, “ËSQUECERAM DE MIM”, nunca mais se lembraram do meu nome, deixando para escanteio. Será que este desincentivo não desestimularia outros que porventura se interessem em trabalhar por outros projetos entusiastas como este?
Há a afirmação bíblica que diz: “A mão direita não precisa saber o que a esquerda fez”. Outra instituição que também frequento onde sou preletor tem sua sexta norma fundamental que diz “eliminar totalmente o ego” sendo mais notória na minha análise. Os interesses políticos insurgem para que os mesmos puxassem as brasas vitoriosas somente para si, ou para seu seio falando politicamente, já saindo da esfera institucional na perpetuação dos egoísmos políticos.
Falando espiritualmente, a soma das colheitas deveria pertencer a todos, quando estamos nos referindo a um projeto na materialidade. Porém Deus não se esquece das nossas façanhas, principalmente quando realizamos trabalhos e ações ao bem do próximo.
José Pedroso
Outono de 2011