Quem são os novos poetas de Macau?
Estará à poesia de Macau à altura da sua história e de nomes como Edinor Avelino e Gilberto Avelino? Os tempos são outros, mas o certo é que há um novo impulso na poesia escrita em Macau. Jovens, muitos deles agregados pela APM, estão a criar versos com alguns pontos comuns.
Izan Lucena
O aparecimento de uma nova geração de poetas em Macau ficou patente na semana da poesia passada, quando foi Comemorando o Dia Nacional da Poesia, nesta segunda-feira (14), e iniciando o concurso “Jovem Poeta”, a Prefeitura de Macau, por meio da Fundação Municipal de Cultura abriu inscrições para o concurso de poesia, focado para a classe estudantil de toda a rede de ensino.
O principal traço que une estes novos poetas passará pelo fato de “escreverem a maioria em poesia livre”, reconhece o mentor da APM, que é também professor da disciplina da escrita criativa do mestrado em Educação, O Professor Tião Maia de Macau. Desde que foi criado, em 2008, o Blog já publicou 37 poemas, numa demonstração de que há muitas pessoas a escrever poesia em Macau, “a maioria das quais nunca foram publicadas, por isso as apelidamos de novas vozes”, comenta Tião Maia, também ele poeta publicado, autor do recente poema “Nas rédeas do vaqueiro”. Um traço comum estas “novas vozes” da poesia local passa pelo fato de muitas delas estarem associadas ao cotidiano da nossa terra. Alguns já estudam e escrevem poesia há anos, outros se interessaram verdadeiramente pelo tema graças ao estímulo do professor, escritor e poeta macauense Benito Maia. Licenciado em Letras e Arte pela UFRN, Tião é a representação da cultura em Macau. Na Cidade de Macau, onde é professor, coordenador pedagógico, está a terminar a uma tese de mestrado, que consiste num estudo comparativo da educação nos dias de hoje. Parece uma hipótese remota ver um macauense fazer mestrado. Ele diz sempre que “Em Macau há a poesia puramente macauense”, que é uma parte importante da história do território. Há também a poesia natural, escrita por pessoas naturais de Macau. Há também alguma poesia escrita por pessoas que passaram por Macau. “Isso engloba pessoas que escrevem por sentimento de saudades e pessoas que escrevem por conhecerem as belezas de Macau.”
Poetas macauenses procuram-se
Izan Lucena bem tenta encorajar mais poetas e escritores de Macau a formarem uma Associação de Poetas de Macau (APM), mas até o momento está somente no pensar, sem concretizar. Por isso conclamo a todos e a todas as assumirem essa idéia. O autor contribui com três poemas, “Soneto do Amor carnal, Adoro o teu sorriso, Terra Macau” e para início juntamos todos os poetas e fazermos um livro com a participação de todos. Devido a esta idéia convidaremos a todos para participar, a ter parte no livro de poemas que iremos construir com alguns poetas de Macau já editados ou não, recorda.
Frisando que as temáticas são diversas e variam de autor para autor, Izan Lucena encontra algumas especificidades na poesia escrita em Macau. “Existe, de fato, uma poesia que pode ser chamada de ‘poesia de Macau’, poesia ligada ao lugar, que tem principalmente a ver com o modo como a pessoa sente ou vê Macau, e explora a sua relação com o sítio. São, muitas vezes, poemas que falam do ‘antes’ e do ‘agora’ e exploram os temas da memória e da mudança e que, muitas vezes, se fixam em sítios específicos e característicos da cidade”, descreve. Uma temática expectável tendo em conta o contexto histórico e social de Macau, na opinião da autor. “Mas os ‘jovens poetas macauenses’ que tive oportunidade de ler não escrevem só sobre Macau, e acho que isso também é importante.” Quanto ao nível qualitativo da poesia escrita em Macau pela nova geração, Izan Lucena confessa não ter um conhecimento extenso do assunto. “Mas do que conheço e do que estudei quando estive em Macau, fiquei muito bem impressionado. Há uma grande quantidade de escritores de qualidade, vários dos quais tive o prazer de conhecer durante este processo. Como leitor fiquei muito satisfeito com as coisas que li”.