Antoine de Saint Exupéry passou sobre a minha terra
Quando vou à praia do Campeche, fico a imaginar a antiga aeronave ali pousando, e aquele viajante solitário, que vinha de muito longe, cruzando o deserto, os continentes, o mar, as tempestades e a solidão.
A praia do Campeche é o local onde pousava Antoine De Saint Exupéry, o piloto que tornou-se conhecido, por escrever uma das mais belas obras da literatura mundial.
Antoine de Saint Exupéry, o autor do Pequeno Príncipe na época, entre 1926 a 1931, trabalhava como piloto, para a Ligne Latécoère, atual Air France, empresa que operava também na América do Sul.
Saint Exupéry pousava na Ilha de Santa Catarina, quando realizava a rota Europa / Buenos Aires. Muitas vezes orientado pela luz dos lampiões, que os nativos seguravam entre as dunas.
Em tudo que Saint Exupéry escrevia, colocava experiências por ele vividas, mesmo criando personagens, nomes ou locais diferentes.
Em alguns dos seus livros, quando Saint Exupéry relata viagens de Buenos Aires para a Europa, descreve cenas que despertaram minha atenção. Em primeiro lugar porque, a rota Buenos Aires / Florianópolis passa na região de Cachoeira do Sul.
Quando Saint Exupéry falava sobre as condições do tempo, vindo de Buenos Aires, descrevia a distância aproximada até Porto Alegre que, ficava a sua direita. Várias vezes citou a beleza dos trigais, que via em seu caminho porém, em épocas que não poderiam haver plantações de trigo na região.
Conclui então que, o que Saint Exupéry via não eram trigais, e sim arrozais. Analisando melhor, a rota de Saint Exupéry, seria praticamente a mesma dos jatos comerciais, que atualmente cruzam Cachoeira do Sul, deixando um rastro de fumaça.
Várias vezes Saint Exupéry fala sobre as luzes de pequenas cidade pois, num vôo noturno as luzes tornam-se muito visíveis. Por certo aquele pioneiro da aviação, também viu as luzes da nossa pequena cidade que florescia, enquanto a sua bela Paris e toda a Europa, mergulhavam numa guerra.
Não posso afirmar que nossos arrozais tenham inspirado Saint Exupéry, quando ele escreveu sobre os trigais, que a raposa compara aos cabelos do Pequeno Príncipe mas, com certeza ele passou por aqui.
Por certo muitas vezes os nossos antepassados olharam para o céu, quando o ronco da antiga aeronave quebrava o silêncio, naquela cidade onde o canto dos galos, e os sinos das igrejas, ainda eram os sons que mais se ouvia. Enquanto seus olhos seguiam aquela máquina voadora, não imaginavam que era conduzida, por um homem que contemplava e meditava.
Nossa cidade pode ter sido apenas mais uma, nos caminhos de Saint Exupéry mas, com certeza ele a viu como tudo em sua vida, "com os olhos do coração".
Acioly Netto - www.guiadiscover.com