“CANÇÕES”
Lembro o grande nome na poesia infantil, marcante para as letras riograndenses e brasileiras, Mário Quintana, com seu livro Canções, de 1986, em edição comemorativa ao 80º aniversário de nascimento do autor, com ilustração de Noêmia Mourão. Segundo a Editora Globo, essa edição é fac-símile do volume Canções, publicado em 1946, onde preservadas as características originais.
O livro possui 35 poemas e seus versos são simples e livres: na valorização do cotidiano e do olhar infantil, em que a infância continua sendo o eixo. Segundo Guilhermino César, “Canções livro no qual o som é o elemento dominante do sistema encantatório.”
CANÇÃO DE DOMINGO “Quem dança que não se dança?/ Que trança não se destrança? / O grito que voou mais alto / Foi um grito de criança. //... O céu estava na rua? / A rua estava no céu? / Mas o olhar mais azul / Foi ela quem me deu!” Essa canção, mais tarde foi musicada e gravada por Edu Lobo, ainda no tempo dos discos compactos de 45rpm.
Érico Veríssimo disse que Mário Quintana era um poeta que sabia ver o mundo como vêem os anjos, as fadas e que na verdade ele era um anjo disfarçado de homem.
O livro Canções é um conjunto de manifestações líricas, fluindo a emoção do instante, obtendo resultados artísticos ao por beleza e sublimidade nas coisas simples, como a CANÇÕES DO CHARCO “Uma estrelinha desnuda / Está brincando no charco. // Coaxa o sapo. E como coaxa! / Estrelinha dança em roda.” //... Uma estrelinha desnuda / dança e pula sobre o charco...”
Nas palavras de Miguel Sanches Neto, ”Quintana cola a sua poesia a pequenos fatos, buscando sempre a transcendência musical deles. É ainda o menino terno transfigurando o real pela poesia e pelo toque mágico.”
Nesse livro, o poeta sustenta como base poética a livre manifestação artística, rompendo com a construção tradicional, sem prejuízo da coerência na produção literária, como podemos ver na CANÇÃO DE GAROA “Em cima do meu telhado / Pirulin lunin lunin, / um anjo, todo molhado, / soluça no seu flautim. //... E chove sem saber por quê... / E tudo foi sempre assim! / Parece que vou sofrer: Pirulin lunin lunin...”
Maria Dinorah escreveu que “este milagre é a literatura infantil no Rio Grande do Sul. Para assessorar a literatura dos pequenos, quem se animava a publicar livros infantis no torrão gaúcho? O grande Mário Quintana.”
A Poesia Quintanares é crença imorredoura onde encontramos a poesia renascida e amada; ainda hoje, muito lida pelos pequenos e grandes leitores e pelos que começam a fazer literatura.