SAGITÁRIO (texto de apresentação da obra de JORGE LUIZ DA SILVA ALVES)
Tenho a honra e muita alegria em publicar o texto elaborado para a apresentação da obra SAGITÁRIO, do escritor e nosso colega de publicações neste site, JORGE LUIZ DA SILVA ALVES. O autor em pauta fará a divulgação da data de lançamento de sua obra.
Agradeço a Jorge o convite que muito me emocionou e espero não decepcioná-lo.
“É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela”. Friedrich Nietzsche
Quando comecei a ler Jorge Luiz, o que percebi, em primeiro lugar, foi a imensa originalidade desse escritor de características literárias absolutamente inéditas na literatura brasileira. Especialmente quando se observa o peculiar uso das palavras e a construção frasal de seus textos. Isto sem contar os aspectos do conteúdo apresentados de forma inusitada, colorida, além da harmonia sonora que extravasa de suas produções.
Estão unidos em seu texto o clássico e o popular. De mãos dadas, o erudito e o simples. O conteúdo se sobrepõe neste cenário encantador e desafiador do autor de Sagitário. Pode-se, sem a menor hesitação, dizer que a possante prosa de Jorge Luiz encontra-se mergulhada em lagos de muita poesia. Trata-se de uma escrita viva e pulsante de sensualidade como acontece em Adeus complicado, quando o personagem, sem enveredar pelas tortuosas estradas do erotismo na literatura, pelo contrário, encanta a partir do cuidado que transparece o lado do homem latino, capaz de amar em toda a plenitude.
Em sua suprema labuta com a palavra, o autor desta obra demonstra nitidamente o seu empenho e a bagagem de leituras da literatura universal e da cultura clássica, mas sem menosprezar a cultura popular brasileira. A sua temática é tão rica e envolvente nos mistérios que cria e nas brechas que encontra nas paredes da língua portuguesa, molda um cenário que chega a hipnotizar o seu leitor.
Em Supremacias, por exemplo, Jorge invade o mar, velho marinheiro e conhecedor da respiração da natureza. E é com sua infinidade de metáforas que nos salga e molha na espuma branca e salgada do ambiente criado.
Em Homus patrimonius (Sociedade por ações) está o homem moderno representado em seus questionamentos mais inquietantes que promovem “o sono dos (in) justos, pois cada célula do meu corpo foi transformada em ação preferencial ao portador”. E, em o Pecado da verdade, Jorge considera a história da humanidade e, talvez farto da hipocrisia que oprime a sociedade, clama por perdão: “Perdoa-me, Senhor, pois é chegada a hora de pecar, pois “há tempo para todas as coisas”... enfim, chegou A HORA! Pequemos...”
A cada leitura aumenta o interesse em se saber que outros vôos linguísticos o carioca alcançará em sua sede insaciável de amor pela expressividade da palavra, sua senhora e rainha, pois é nela que se compraz. É o que acontece na oficina onde elabora seus intensos personagens: “Agora batizada no fogo das vontades, Valéria abriu-se, farfalhante, para o céu sem lume, exigindo na soberania dos seus novos desejos: ‘Vem, que eu quero você.”
Este encantamento e magia da palavra jorgiana adquire mais corpo ainda em Status quo, quando, totalmente em êxtase de cópula linguística, mais uma vez invade o íntimo do leitor ao iniciar o texto dizendo: “Tenho um senhor implacável, que me afronta com seu charme burguês e me brinda com seu látego; presto-lhe reverências diárias antes mesmo de sair da senzala para o pelourinho devidamente paramentado de Hugo Boss, montado num puro-sangue italiano de oito poderosos cilindros do haras dum comendador rubro de Turim, pois assim a casa exige-me”.
Neste momento penso que, ao correr desta simples apreciação do texto do autor de Sagitário, corro o risco de o leitor desta obra abandonar-me para se atirar de imediato aos fortes braços literários de um escritor dos nossos dias. O mais notável, ou único em seu estilo. Assim é Jorge Luiz da Silva Alves, um homem fardado de amor à Língua Portuguesa e que me honra sobremaneira ao me convidar para a apresentação de sua obra.
Tantos serão os momentos de gozo literário para os felizes leitores deste livro. Entrego-me e anuncio a todos a oportunidade ímpar de ler e reler este que é o “evangelho da vida” de um escritor moderno e em cuja obra encontra-se tatuada em ouro e cravejada em diamantes a sua principal característica, originalidade.
Estou orgulhosa de fazer parte destas páginas.
Tânia Maria da Conceição Meneses Silva.