OS SETE SÁBIOS

Conta-se que, na velha China existia antiga instituição que tinha por objetivo principal a formação de filósofos. Um grande número de jovens ali se internavam para buscar a sabedoria.

Havia um Conselho de sete sábios que dirigia a entidade, conforme estabelecia seu estatuto.

Um jovem de vinte anos, que ali estudava, acalentou o desejo de fazer parte do referido Conselho, após ser considerado um filósofo.

Alguns dias depois de ser declarado como tal, solicitou uma audência com o Conselheiro Mor e, quando foi recebido externou sem preâmbulos a que viera.

O dirigente lhe disse ser isto impossível, visto que o Estatuto milenar da instituição estabelecia que o Conselho seria sempre de sete membros, portanto, sua pretensão era absurda, visto que, se algum dos conselheiros morrese a vaga seria ocupada por um filósofo com mais idade, mais bagagem de vida e não por um jovem sem experiência alguma.

Entretanto o rapaz insistiu e o Conselheiro lhe disse que seria agendada uma audência pública com os sete conselheiros onde seria dada a resposta oficial a ele.

No dia aprazado, após exposto o assunto, foi apresentada a negativa formal ao rapaz.

Este saiu do mosteiro, foi correr mundo e, vinte anos mais tarde retornou e pediu audiência com o Conselheiro Mor.

Recebido, expôs seu desejo: queria fazer parte do Conselho de sete sábios. O mandatário sorriu e disse ser impossível tal pretensão. O jovem não se deu por vencido e disse querer ouvir a resposta em público, numa audiência com a presença de todos os estudantes da instituição.

Assim foi feito.

Na data agendada, o Conselheiro Mor pensando em dar uma lição àquele insolente preparou com toda pompa o ambiente e, após iniciada a audiência, tomou da palavra e disse ao público o que o rapaz estava requerendo.

Em seguida, para responder à petição do moço apontou para uma jarra de água que mandara colocar sobre a mesa e disse:

- Vês esta jarra? Ela está cheia de água e simboliza nosso Conselho e, como não cabe mais nenhuma gota, assim também ele é... Sete sábios, nem a mais nem a menos, apenas sete.

O rapaz levanta-se, aproxima-se da mesa onde estava depositado um lindo buquê de flores de rara beleza, toma de uma flor e coloca-a, com cuidado, na jarra. A água percebeu ligeiro tremor, mas não derramou. O jovem então afirmou:

- Se a jarra simboliza o Conselho, a flor representa a sabedoria e, tudo que se assemelhe à beleza de uma flor caberá em qualquer lugar. A sabedoria é tão bela quanto uma flor e haverá nas mentes sempre lugar para ela em qualquer tempo.

A platéia, quebrou o protocolo e irrompeu em aplausos...

A partir de então, foi alterado o antiquíssimo estatuto da entidade e o moço passou a integrar a direção da entidade.

A historieta demonstra que sabedoria/iluminação não é a mesma coisa que a instrução, sendo algo que deve ser buscado através de esforço cotidiano estribado em muita observação, meditação, que leva à pesquisa, ao conhecimento transcendental.

A sabedoria é algo que vai dar a iluminação interior que muitos experimentam após insistentes buscas e vivência no aprendizado. É produto de iniciativa própria, individual, onde o aprendiz de sábio estará só, mas, do seu esforço ingente, advirá o prêmio da iluminação.

A iluminação íntima não é apanágio exclusivo desta ou daquela classe social, de indivíduos deste ou daquele jaez.

Adornemos nossa mente com algo igual a flores e teremos nosso lugar onde quisermos...

PEDRO CAMPOS
Enviado por PEDRO CAMPOS em 04/03/2011
Reeditado em 16/10/2012
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