Barraco Sem Poesia

Artigo de Revista – “Barraco Sem Poesia” – Revista Veja de 03 de junho de 2009 – Leitura 10/jul/2009.

   Baixarias no meio literário, entre escritores consagrados, não é privilégio apenas dos letrados atuais.
   Desde séculos passados eles já se engalfinhavam, rivalizavam-se, odiavam-se, por concorrências desleais, para ver quem mais se destacava nesse ninho de cobras intelectualizado.
   Os ingleses Robert Grene e um certo William Shakespare, os espanhóis Francisco de Quevedo e Luis de Góngora, os brasileiros Olavo Bilac e Raul Pompéia e os literatos ingleses atuais Martin Amis e Julian Barnes, são exemplos da “Guerra Literária”.
   Nesse artigo, vê-se nitidamente a obsessão de escritores, que a qualquer custo e deslealmente, tentam denegrir a imagem respeitada de verdadeiros ícones das Letras, apenas para tomarem os seus lugares, no grau mais alto da incompetência e qualidade duvidosa.
   Para conseguir certo privilégio na Universidade de Oxford, a cátedra de poesia, Ruth Padel usou artifícios e subterfúgios para conseguir, por meios duvidosos, o lugar que por merecimento e capacidade, pertencia ao caribenho Derek Walcott, Nobel de Literatura de 1992.
   Mas por causa de notícias plantadas, que diziam que o mesmo havia praticado assédio sexual, quando ministrava aulas em Harvard, nos anos 70, o fez desistir da indicação. No entanto, com apenas nove dias no cargo, Ruth Padel renunciou ao cargo, por motivos óbvios, havia indícios de que ela havia participado da campanha de difamação de Walcott.
   Um artigo de luxo, para a promoção de um debate sadio no meio acadêmico, por citar tantos escritores consagrados, que ao longo de séculos, tiveram também, suas vidas questionadas e muitas vezes devassadas, por desvios de conduta

                                                                            Edir Gonçalves