A Realidade X A Ficção: duas formas de se viver à vida...
A Realidade X A Ficção: duas formas de se viver à vida...
Autora: Solange Gomes da Fonseca
Vivemos em dois mundos, um deles é o da realidade, em que predominam a objetividade e os compromissos que temos de assumir em nosso dia-a-dia. E outro é o da ficção, em que predomina a subjetividade, dentro de um mundo de sonhos, ilusões e desejos.
A vida vivida nessas duas formas tem uma relação de contato com o indivíduo, por intermédio da imagem, provocando e ao mesmo tempo desenvolvendo o real mundo das suas responsabilidades e compromissos e, transportando o indivíduo, por vezes, para um mundo totalmente, de sua realidade: o mundo da ficção.
Não há uma exploração a fundo dos perfis psicológicos vividos pelo indivíduo.
As necessidades humanas são colocadas pelas necessidades do “eu” (dores físicas, psíquicas, paixões). Com isso, o indivíduo se identifica com suas necessidades reais do seu “eu”, através das situações apresentadas no seu dia-a-dia.
É comum, que cada pessoa interprete o seu mundo por uma ótica individual, que cria uma interação na sua ação e, não necessariamente, vai influenciar no seu modo livre de viver sua vida, reagindo de acordo com os seus próprios valores.
Misturar a realidade e a ficção pode até ser muito interessante, mas isso não acontece normalmente, no cotidiano das pessoas. Não no sentido de transferir as coisas normais para a vida, pois não é a apresentação dos fatos concretos e particulares o que vai produzir o sentido de realidade na ficção, mas uma certa generalidade que visa ambos os lados e dá consistência tanto aos fatos particulares do real quanto ao mundo fictício vivido pelo indivíduo na sua imaginação. No entanto, esse produto cultural da realidade x ficção reproduz o que já acontece, sendo mero repetidor, com algumas pitadas da fantasia e situações bizarras. Pois, se a própria vida da pessoa cria um determinado produto e o mostra como fruto de um processo cultural, então ela não poderá escapar de ser considerada um instrumento de manipulação, na medida em que estipula padrões, até então, não utilizados pelo ser humano nos fatos do cotidiano vivido e passa a utilizá-los por intermédio da realidade de vida.
A construção do cotidiano do humano é vista como um espaço de mediação entre a ficção e a realidade, além de ser uma cultura de fronteira, em que se pretende difundir e divulgar a cultura brasileira.
A vida cotidiana é aquela em que todos os dias fazemos mecanicamente sempre as mesmas coisas. Pois, embora o que se considera mais estranho no homem contemporâneo seja sua maneira de se aferrar e se identificar com as coisas no seu dia-a-dia, aqueles que se permitem uma atitude interna ou extraterrestre são considerados estranhos para op seu meio cultural e social.
Realidade ou ficção permite-nos vermos como algo castigado pela sociedade que não aspira a estas duas formas de se viver à vida. Daí partimos para a dúvida de qual forma seria a melhor ou qual teria razão de ser vivida: a realidade ou a ficção???
Mas, será a razão o instrumento adequado, ou a ferramenta que nos permite elucidar as experiências pessoais que vivemos , ou será que simplesmente a experiência justificaria toda nossa ação???
No mundo em que vivemos, acredito que a realidade será sempre o que você decidir que é real e a ficção será o aspecto de uma outra realidade, paralela no momento, em que você ignora o fato vivido, mas, isso não é o bastante para se livrar do pensamento, uma vez que, na sua mente a ficção é uma “probabilidade de realidade”. Todavia, o que é bem possível que estejamos enganados a respeito das coisas. Portanto, um estilo de vida onde nos fechamos para um caminho potencialmente mais esclarecedor (mas repleto de incógnitas) é no mínimo uma decisão pouco inteligente de ser escolhida pra uma vida com reais situações.
A realidade é que em uma comunidade que respeita o ser humano e que respeita o meio em que vive, esse tipo de duvida (ficção/realidade), ainda existe, mas não é tão profunda e trágica para nós hoje. Felizmente, a realidade é que estamos vivendo e sabendo realmente quem somos, o que fazemos, para que fazemos e aonde queremos chegar.
Ao passo que a ficção é achar que as coisas são visíveis e tangíveis, quando vemos apenas a força eletrostática, a essência é ima idéia, um pensamento. Mas, o que importa é sabermos diferenciar uma coisa da outra, e dar a alma o que ela tem de direito, o que importa é a essência das coisas, e isso todos somos capazes de alcançar na nossa vida.
Não existe qualquer motivo para se rejeitar a priori a realidade ou a ficção, com o intuito de que elas sejam percebidas por nossos sentidos.
Tudo o que vemos, ouvimos e sentimos são fenômenos que ocorrem no osso cérebro. Portanto, nem tudo que sentimos é “real”, como por exemplo, um sentimento causado por uma “droga”. Dessa forma, a verdade é um conjunto de sensações e experimentos. Assim, também a realidade é. E da mesma forma que a realidade é individual, a realidade também é...
A ficção é só uma parte da realidade que não conseguimos explicar em nenhum tipo de ciência que exercemos. E, talvez, por mais avanço tecnológico que tenha, nunca criaremos um instrumento capaz de explicar quais dessas duas formas seria mais apropriadas pra se viver à vida.
As verdades indubitáveis da metafísica representam a busca dos filósofos por um ponto fixo sobre o qual fundamentar o conhecimento e as representações fenomênicas da realidade.
Nietzsche reflete sobre a devoção a verdade, relacionando as convicções científicas e filosóficas à vontade de verdade a todo custo. Ele considera que a transvaloração filosófica nasce da crítica a toda consoladoria metafísica, ou seja, a todo tipo de consolo e conforto filosófico ao indivíduo.
A realidade tenta se impor pelos sentidos, enquanto a ficção busca brechas na razão para se alojar confortavelmente em nossa memória coletiva, emulando a verdade como se esta fosse. E por que não, a repetição de mentiras até que se tornem verdades???
Bem, a dimensão do problema cultural é que diz respeito basicamente à distinção do que é verdade ou do que é mentira em nosso cotidiano, ou seja, realidade ou ficção (para usarmos termos mais amenos). De quanta ficção esta impregnada nossa realidade? O quanto avaliamos o mundo a partir do que lemos ou vemos nas revistas, nos jornais, nos livros, nos romances, nas novelas???
Concluo o texto com o pensamento do autor Umberto Eco: “se os mundos ficcionais são tão confortáveis, por que não ler o mundo real como se fosse uma obra de ficção...”
Segundo Eco, ainda, essas interpretações da realidade como ficção continuam, é claro, a ocorrer. Ele, diz que literatura não é panacéia, cura para todos os males. Mais um motivo para, aqui examinarmos bastante o texto escrito e refletirmos, com a recíproca da simplificação da vida através de projeções da ficção: “ou, se os mundos ficcionais são tão pequenos e ilusoriamente confortáveis, por que não tentar criar mundos ficcionais tão complexos, contraditórios e provocantes quanto o mundo real”.
Tal visão implica ao leitor, uma abordagem teórica que propõe visões de conexão e de coerência entre as duas formas de se viver à vida, numa realidade ou numa ficção.
Para finalizar o texto com “chave de ouro” para o real sentido da realidade ou da ficção vivida pelo homem deixo claro aos leitores que ao designarmos uma narrativa imaginária, irreal, ou referirmos as obras criadas a partir da imaginação do autor, em contraste, a não-ficção reivindica ser uma narrativa factual sobre a realidade.
O homem é o único animal que produz ficção. Sendo assim, torna-se difícil estabelecer limites sobre o que pode ser ficcional, e o que pode ser uma “interpretação real”. Se ficções forem quaisquer produções humanas que representam a realidade sem, contudo, interferir materialmente nela, então qualquer uma dessas duas formas seria bem vinda ao mundo. Mas, como já dito, a ficção aqui focada é a imaginação de bem viver a vida, certamente, mas campo de trabalho sobre o texto na literatura, na poesia e no drama teatral será explorado.
A afirmação de que “mesmo na realidade vivida há muita ficção”, na medida em que o status de ficção nega-lhes a confiabilidade e a veracidade dos fatos, o único ser vivo cria uma capacidade de realidade para enganar a si próprio ou a seus similares: O HOMEM!!!