LAMENTOS DE UM VELHO PROFESSOR

Ontem fui visitar a Tia Anita, uma senhorita de 96 anos. Aliás, ela completa hoje esta idade. Muito lúcida, embora sua memória vez por outro lhe falte, o que é mais do que natural para alguém de sua idade. Oramos por ela. Foram momentos muito interessantes.

Entre um papo e outro, ela declamou o poema que a seguir transcrevo, pelo menos umas quatro vezes. O autor deste soneto é o meu Tio Zé (José Esmeraldo da Silva), o Zé Professor. Quem é do Crato ou já morou aqui sabe muito bem quem ele é.

LAMENTO DE UM VELHO PROFESSOR

Zé Professor

Tenho pensado muito no futuro

Por já saber bastante do passado,

Pois sou um pobre lente desgraçado;

Tenho sido qual lixo para o mundo.

Não tenho amigo, triste e desprezado;

Não tenho valor senão de um vagabundo;

Vivo sozinho triste neste mundo;

Não tenho consolo. Sou um desgraçado.

Alguém pensa que eu sou tão felizardo?

Quem de mim tenha em conta algum valor

Não sabe nem onde nem como estou.

Mas se alguém soubesse ao menos quem ,sou,

Embora em seja um simples professor;

Não sou como outrora, mas sou só um fardo.

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(Não sei se está totalmente correto, pois foi resgatado entre um momento e outro de lucidez da tia Anita)

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 31/12/2010
Reeditado em 03/12/2022
Código do texto: T2701030
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