Ainda não pensei sobre o que quero fazer no Ano Novo;desisti das velhas promessas sobre emagrecer,cuidar da saúde,  curtir mais a família,tornar-me uma pessoa melhor;quase todas esquecidas logo nos primeiros quinze dias do ano,para voltarem a ser lembradas no final,quando reparamos que nada fizemos do prometido.

Mas,decidi  firmemente o que não vou fazer.Diminuir o ritmo,eis o principal;viver de reuniões em reuniões,de Academias a Academias,de palestras em palestras,sinceramente,tou fora;descobri ,em tempo hábil,que o escritor não modifica a sociedade.Se isso acontecesse,de fato,os avatares da humanidade – Cristo, Sócrates,Platão,Goethe, Nietzsche, - teriam conseguido  melhorar nosso mundo.Talvez,o escritor possa melhorar uma pessoa;aconteceu comigo,terá acontecido com muitos.

Este  ano ,cheguei a ficar tão sobrecarregada que não tinha tempo de fazer o que mais gosto ,escrever.

Veja só que paradoxo,amigo,um escritor que não escreve!

Tenho um livro parado na metade,outro esperando para ser revisado,alguns sites que quase nunca visito ou mando matéria,amigos que adoro com os quais me comunico . raramente.

Dos dias da semana,sobrava-me apenas as segundas – feiras;todo o resto tomado por obrigações assumidas.

Cinema,teatro,passeios,rareavam.

Sou daquelas pessoas que pensam que o escritor é um trabalhador como outro qualquer;um operário da palavra.Como tal,não precisa de uma exposição demasiada na mídia,nem virar arroz de festa.Escrever é um ato solitário.Trata-se apenas de metodizar suas tarefas,cumpri-las todas e não abdicar do lazer ou do ócio.

Sabe o que detesto na minha profissão? Lançamento de livro.Detesto!

Somos obrigados a convidar pessoas amigas ,sabendo nós e elas,também,que esse convite é para comprar o livro;constrangê-las a isso é terrível;sinto-me como se estivesse convidando um bonitão para um motel.Fico muito pouco à vontade,também.

Como escritora independente,cabe-me cuidar de tudo: escolha do espaço,convites,escolha dos convidados,coquitel,divulgação.

Adoraria tudo isso se não houvesse a obrigação da compra.

O último lançamento do livro digital “As Filhas do General” foi maravilhoso! O espaço,a Galeria do Livro (para quem não conhece a mais  bela e completa livraria de Salvador) muito bem escolhido,os convidados ,quase todos escritores ,jornalistas e colegas acadêmicos,transformaram o ambiente num sarau com direito a solo de trompete ,poemas recitados  e,muita,muita interação.

Livros foram vendidos,sim,mas,de uma forma espontânea;afinal,muitos não conheciam o livro digital e estavam curiosos e desejosos de serem apresentados a ele.

O livro digital,gente,é o sete de setembro do escritor.Você escreve,abre um site ,publica seu livro,faz um convênio com o PagSeguro ,e vende em várias parcelas recebíveis com segurança;depois que o pagamento é confirmado,envia-se o arquivo e uma senha para o comprador que lê em casa,no PC ou laptop ,sua obra,com um custo quase zero para o leitor e um baixíssimo custo para o escritor.

Ou coloca seu livro num dos muito  sites que trabalham com o livro digital como Simplicissimo ou Lulu.com.

Nada da humilhação  ou sobressalto ao bater na porta sempre fechada das editoras,dar-lhes a parte do leão,ou das livrarias que chegam a cobrar 50% dos seus ganhos para  conceder-lhes a honra de ter o seu livro nas prateleiras,onde ficarão –pode apostar – nos cantos escuros  escondidos atrás dos vampiros americanos.

O livro digital põe sua obra onde deve estar,no mundo,á vista de todos,democraticamente.

Quando recebi o magnífico trabalho que a Kate Weiss fez para “As  Filhas do General” em forma de arquivo,ainda mandei fazer 100 unidades em CDRom,para o lançamento e para colocar em algumas (poucas) livrarias escolhidas.

Daí em diante,o livro estará  apenas,no site que vou criar para divulgação e venda de minhas obras ,o comprador  pagará e  receberá o arquivo,com baixíssimo custo  e ficaremos ambos felizes,eu,por ter minha obra muito mais divulgada e por receber um preço justo por ela; o leitor ,por ter um acesso ao trabalho,gastando pouco.Mas,se optar pelo livro impresso (eu não abro mão dele) receberá em casa,sem ter que pagar a mais por isso.

Meninos,não estarei aqui para ver,mas,dentro de trinta anos,vocês verão que este será o livro do futuro. 
*Mais informações sobre o livro :basta pôr o título no Google,acrescentar o meu nome e  ler as matérias de jornais sobre ele.

Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 28/12/2010
Código do texto: T2695765
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.