“POEMA - CORAL DAS ABELHAS”: POR QUE NÃO?

“Que imensa gruta / é o homem / quando / fecha os olhos”

Por que não reconhecer que ao ler o livro de Jorge Tuffic, Coral das Abelhas, saltam razões para sentir que sua escrita é missão para enriquecer horizontes? Ou seja, que há passagem se abrindo onde encontramos poemas com certo mistério.

“Vejo este azul, / mas vê-lo não basta. / Ele que vai do inseto /

ao forno das estrelas / - nas quais, universo, / devora-se e canta.”

Por que não se entregar a essa leitura e sentir que autor e leitor dialogam e juntos despertam o pensamento ao coração, permitindo ouvir o silêncio? “O silêncio e a rosa / perdem-se juntos.” Tuffic entrega-se de alma ao bosque, às árvores e às pedras e nos faz sentir o prazer tomar conta da liberdade, como expressão da arte.

“As árvores do mogno, / a paineira / e a flor do mucunã, /

Testemunha que a pedra está grávida e sonha. //

Uma família inteira de pedras / conversa neste bosque. ”

Por que não desfrutar do livro que reflete sentimentos nobres e nos leva a pensar sobre o embalo do tempo, provocando a sensação de bem estar e de saudade?

“Do primeiro esquecimento / guardo a pitanga de chuva /

a neblina dos rios amarelos / e a bolsa de prata /

onde minha mãe também guardava / a solidão metálica / dos búzios.”

Por que não reconhecer que Coral das Abelhas abre espaço na literatura, na certeza de encontrarmos nas imagens de Jorge Tuffic o sonho a ser revelado através da sua palavra?

“Poetas e girassóis / estão sendo moídos. //

E o pó dos seus dedos / Clareia moinhos.”

Por que não confiar em sua imagem e em suas palavras, onde a leitura é situação de ação? Por que não dizer que a poesia de Tuffic traduz e perpetua a liberdade, o que a diferencia das razões e dos sentimentos? Por que não dizer que temos razões para acreditar que Coral das Abelhas é a leitura onde sentimos a brisa nos cabelos? Por que não?

Nos questionamentos residem as respostas, diante de um autor de imagens fortes, como refletido nas páginas do Poema - Coral das Abelhas.