Sem titulo.

Cruz e Souza - Acrobata da Dor

Gargalha, ri, num riso de tormenta,

Como um palhaço, que desengonçado,

Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado

De uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,

Agita os guizos, e convulsionado

Salta, gavroche, salta clown, varado

Pelo estertor dessa agonia lenta...

Pedem-te bis e um bis não se despreza!

Vamos! retesa os músculos, retesa

Nessas macabras piruetas d'aço...

E embora caias sobre o chão, fremente,

Afogado em teu sangue estuoso e quente

Ri! Coração, tristíssimo palhaço.

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Antes de fazer qualquer tipo de comentario sobre esse poema de Cruz e Souza, deixo aqui meus singelos e melancolicos, agradecimentos a esse NEGRO que me enche de orgulho desde o primeiro momento que li esse poema de sua autoria, considero-o um dos maiores simbolista brasileiro, e ele realmente merece todos esses creditos, Deus o tenha meu caro João.

Hoje: dia 29/11/2010, em mais uma de minhas raras aulas de literatura na escola da rede publica de ensino estadual Norma Toop Uruguay, minha professora tão aclamada em minha imaginação, devido a sua inteligencia timida, ensinava-me sobre simbolismo, escreveu no quadro branco em uma vivida cor azul o poema que mais me facinou, "Acrobata da Dor", li e reli o poema duas vezes ou três, não me recordo, mas lembro-me muito bem no último momento da aula quando ela perguntou a nós, quem era o Palhaço nesse poema, eu respondi - Nosso palhaço é o própio Cruz e souza - ela negou-me com aquele balançar de cabeça, insinuando que minha resposta estava errada, então é ai que entra meu fascino. Apesar de ler e reler o texto duas ou três vezes, em nenhum momento prestei atenção adequada ao útimo paragráfo.

"E embora caias sobre o chão, fremente,

Afogado em teu sangue estuoso e quente

Ri! Coração, tristíssimo palhaço."

Então percebi, a real mensagem do texto, que mesmo um palhaço fazendo uma platéia inteira rir até o ponto de chegar aos prantos, não ameniza sua dor interna, seu coração partido por algum motivo pessoal, será ludibriado por alguns momentos pela felicidade de sua profissão, para que depois do show no centro do picadeiro, volte a solidão inerte, da qual só sai nos singelos momentos de felicidade explicita. O coração é o palhaço, o coração faz rir, mais afoga-se no própio sangue estuoso.

Janilson Serra
Enviado por Janilson Serra em 30/11/2010
Código do texto: T2644904
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