À sombra da ignomínia

Um sutil aleive nunca é demais quando bem-intencionado, é claro... Pertence ao ser humano este modesto e quase acertado ato que aqui a olhos vistos a você agora declaro... Para muitos que se dizem tradicionais, castos, crentes e intocáveis às vias dessa ardente tentação, tal trejeito passa mesmo é de um escarro total: - pra não dizer um pecado mortal... Tenho dó daquele que escorregar no verbo e vir a cair nas garras desses camuflados de samaritanos, pois o inferno lhe será pouco até que ao brasume fique rouco...

Será motivo de desavenças, de confrontos, de discórdias e de desfecho até... Cerro o cenho a tamanho absurdo... Talvez seja a andança deste lívido e paupérrimo subscritor pelos palcos da inconcebível intemperança, - como os jovens em franca florescência à penumbra da ousadia à vontade as perífrases regurgitam por aí... Peregrino vento os neurônios refresca... Tento-me concentrar à inobstante desrazão... Em meio aos efeitos de um surto maquiavélico uma messiânica frase dos lábios ao largo uma assertiva ecoa: quem nunca se deixou surfar pelas ondas da inverdade que lance a primeira pedra ao mar da verdade...

Sob o véu negro da pureza à sombra da ignomínia tais fariseus ao púlpito da arrogância uma inverdade não só arrotam, mas também marchetam... Encastelam-se ao primeiro deslize verbal; apedrejam... Voeja o pensamento pelas vielas da incompreensão... Num sopro quase que imperceptível um argumento insosso uma interrogação aérea às muretas da discórdia se revela com grande proporção; mas, e daí?! Qual o reflexo de tudo isso ante o instante contemplativo da vida: o do rompimento dos laços do entendimento... Respondo à magistral e nobre indagação: - que aos olhos da existência o mais puritano será o que de menos tem tutano... - Como não pertenço à casta desses supremos e intocáveis tiranos, eu os apodo agora de uns tucanos prá lá de pervertidos soberanos, por não passarem de meros reflexos da pálida prepotência...

E por aí vai!... Não tem mais ironia, mas um triste ai... Que se exploda toda essa hipocrisia!... Deposito no cabedal dos querelantes toda ultrajante filosofia, pois prefiro rastejar pelos penhascos íngremes da realidade a viver acorrentado aos grilhões da constante heresia... Emudece o pensamento revolto ante a aparvalhada veridicidade que, às asas de um bizarro orgulho, volita alto...

Às letras do tablado os neurônios não mais se dão ao trabalho em querer discorrer acidamente sobre o árduo motivo desse enorme malgrado... Rendem-se... Trêmulas sobre as teclas as mãos optam pela frasal correspondência... Os dedos não mais ao alfabeto querem desvestir os ditos mais santos, mas sim vestir outros tantos para que assim possa na continuidade de tal contra-senso entender o outro lado subjetivo deste empapuçante comportamento que, em tese, tornou-se eriçante; e tentar esmiuçar, mesmo a duras penas, o que vai à alma de uma corrente tão iletrada, desumana, incompreensível e, acima de tudo, ‘profana’; isso se o bailar das circunstâncias não quiser inumá-la ao final deste maldito preâmbulo de igualmente ‘tirana’...

Pálido poeta
Enviado por Pálido poeta em 16/11/2010
Reeditado em 16/02/2011
Código do texto: T2619335
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